A diminuição da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) constitui um importante fator prognóstico para o aparecimento de eventos cardíacos em indivíduos previamente sadios 1 e em portadores de cardiopatias [2][3][4] . Mais especificamente, em pacientes após infarto agudo do miocárdio (IAM), a redução da VFC já foi estabelecida como um fator de risco independente para eventos arrítmicos e mortalidade global 5,6 . Esta diminuição da VFC está relacionada à hiperatividade adrenérgica e diminuição da atividade parassimpática cardíaca encontradas ao longo da convalescência do IAM 7 . Embora o mecanismo que explique o aumento do risco, devido à disautonomia, não esteja claramente definido, existem evidências experimentais de um efeito protetor da estimulação vagal sobre a vulnerabilidade elétrica ventricular 8,9 correlacionando a hipoatividade parassimpática ao desenvolvimento de arritmia letais 10 . Entretanto, a diminuição da VFC, também, se correlaciona ao aumento da incidência de eventos cardíacos isquêmicos novos em indivíduos normais 1 e com mortalidade causada por falência cardíaca em pacientes após IAM 2,6 , sugerindo a existência de outros mecanismos além da modulação elé-trica, que explicam a relação entre VFC e mortalidade.A inibição do efeito adrenérgico cardíaco com o uso do betabloqueadores demonstrou ser capaz de reduzir a mortalidade de pacientes após IAM [11][12][13][14][15] . Entretanto, em relação à diminuição da atividade parassimpática, apesar das evidências experimentais 3,6 de sua relevância clínica após IAM 3,16 , ainda não existem estabelecidas medidas que, produzindo estimulação colinérgica, possam contribuir para a diminuição da mortalidade neste grupo de pacientes.
Investigação da função autonômica cardiovascularA freqüência cardíaca (FC) está constantemente submetida a flutuações no tônus autonômico, determinadas 24,25 , os quais podem ser utilizados para detectar disfunção autonômica no diabetes mellitus 26 , no pós-IAM e em inúmeras outras condições [28][29] . Não sendo objetivo deste artigo revisão sobre os diversos testes autonômicos, sugerimos ao leitor interessado artigo sobre os mesmos, publicado por Castro e col em 1992 19,20 . Mais recentemente, grande atenção tem sido direcionada às flutuações espontâneas da FC, genericamente chamada de VFC [30][31][32] .
Metodologia da análise da variabilidade da freqüência cardíacaO estudo da VFC é um método que nos permite analisar as flutuações que ocorrem durante períodos curtos ou prolongados (24h) 33,34 , tendo a vantagem de possibilitar uma avaliação não invasiva e seletiva da função autonômica. Este tipo de análise recebeu grande impulso após o estabelecimento da forte e independente relação entre VFC e mortalidade pós-IAM 3,6 . Entretanto, vários aspectos metodológicos ainda carecem de padronização universal 35,36 e o significado dos diferentes índices de VFC são mais complexos do que geralmente se acredita, podendo gerar conclusões incorretas e extrapolações precipitadas 34 . As chamadas medidas no domínio do tempo são índi-ces obti...