IntroduçãoApenas a abundância de citações e usos do verbo mediar e dos termos mediação e mediador nos textos referentes aos estudos recentes de recepção na América Latina já seria suficiente para demonstrar a impor tância desse conceito na reflexão contemporânea sobre essa relevante área da pesquisa em comunicação. Devido a esse uso continuado, seria de se esperar que a palavra mediação remetesse a um significado claro, consensualizado entre os diversos autores e pesquisadores, e a opera dores metodológicos cujas possibili dades e limites fossem minimamente conhecidos. Por incrível que possa parecer, não é isso o que acontece. O próprio Martín-Barbero, em sua obra principal, De los medios a las mediaciones (1987), apesar de utilizá-lo no próprio título, não o define claramen te, nem o historia. As contribuições nesse sentido são esparsas, e, entre elas, é digno de menção o esforço de Orozco Gómez (1994) em procurar não apenas definir o conceito, como avaliar suas possibilidades descritivas de forma a categorizá-lo em seus múltiplos aspectos.O objetivo deste trabalho é, pois, dentro das possibilidades de uma categoria teórica tão complexa e, até certo ponto, obscura, contribuir para um entendimento mais claro de sua história, suas possibilidades e seus limites. Sem a ingênua pretensão de exaustividade, fundamos as conside rações que o enfeixam em três autores fundamentais, todos vinculados ao campo dos estudos culturais: Williams, Martín-Barbero e Orozco Gómez. O primeiro, por ser a fonte comum onde foram beber os princi pais autores que hoje influenciam os estudos de recepção, pela linha da sociologia da cultura, na América Latina e, mais especificamente, no Brasil. E, os demais, por serem os que mais densa e copiosamente têm produzido trabalhos a respeito.
Esboço histórico do conceitoA palavra mediação, confor me Lalande (1993, p. 656)