Atlas ou a gaia ciência inquieta intitula o texto introdutório ao catálogo da exposição organizada por Georges Didi-Huberman no Museo Reina Sofia, de Madrid, entre 2010 e 2011, Atlas ¿Cómo llevar el mundo a cuestas?. Nesse volume, o autor escreve em determinado momento sobre a mesa como instrumento de acolhimento de fragmentos de um mundo particular, dando destaque à obra de Aby Warburg:É uma "mesa" onde se decide colocar, em conjunto, várias coisas díspares, cujas múltiplas "relações íntimas e secretas" se procura estabelecer, uma área que possua as suas próprias regras de disposição e de transformação para ligar várias coisas cujos vínculos não são evidentes. E para fazer desses vínculos, uma vez encontrados, os paradigmas de uma releitura do mundo. (DIDI-HUBERMAN, 2013, p. 47). A mesa no atlas Mnemosyne é o espaço dedicado à disposição desses objetos sem vínculos evidentes, ou seja, a mesa warburguiana é, em essência, as pranchas do atlas nas quais se realiza uma série de cortes e de reposições, a fim de tornar claras essas relações potenciais das imagens; por esse motivo, Philippe-Alain Michaud, em Aby Warburg e a imagem em movimento, considera as pesquisas do historiador da arte alemão no atlas Mnemosyne como a elaboração de uma metodologia da montagem.Dessa forma, trazendo o método warburguiano à arte contemporânea, pode-se entender a noção do espaço fílmico de The old place e de Histoire(s) du cinéma, de JeanLuc Godard, como essa mesa de operações, um campo operatório, no qual a distribuição dos objetos -das imagens -é, justamente, a montagem cinematográfica. Pelo conceito de montagem entende-se também o método constelacional introduzido por Walter Benjamin, através da colagem; e quando se fala na releitura do mundo a partir dos
Em 1913, na Alemanha, Paul Scheerbart publicava, em plena véspera da Grande Guerra, uma narrativa sobre um planeta habitado por formas de vida alienígena que se organizavam em um sistema social e econômico muito diferente daquele da população da Terra. Opondo o progresso como modo de desenvolvimento individual característico do imperialismo dos séculos XIX-XX a um sistema social que privilegia todas as formas de vida, a ideia renovada de técnica promovida por Scheerbart ajuda a responder as questões que surgiram junto com a pandemia da COVID-19, principalmente aquelas que dizem respeito às políticas de controle dos corpos e às relações entre comunidade e imunidade.
O presente artigo traz alguns dos resultados de uma investigação cujo desenvolvimento da etapa inicial se deu com oito estudantes do nono ano do Ensino Fundamental e do primeiro ano do Ensino Médio, participantes de um curso preparatório para ingresso no Instituto Federal de Minas Gerais. Tal trabalho é parte do projeto de pesquisa intitulado “Onde aprendemos a viver o gênero? Nas aulas de matemática!”. Neste recorte, o objetivo foi compreender como estudantes da Educação Básica entendem, vivenciam e experienciam as questões de gênero no seu cotidiano (escolar, mas não só), especialmente em suas relações com a matemática enquanto ciência. Os resultados aqui apresentados são fruto de duas reuniões realizadas de forma virtual devido à pandemia da Covid-19. Buscando sustentação nas teorizações pós-coloniais, a questão “o que a matemática tem a ver com as questões de gênero?” abriu as reuniões e conduziu a seleção de materiais que tinham o papel de disparar as discussões, tais como notícias que circulam nas mídias, resultados de pesquisa apresentados em diversos relatórios que tratam da temática e vídeos institucionais que abordam os assuntos pertinentes ao desenvolvimento da investigação. Todo o trabalho de construção e tratamento dos dados foi realizado à luz da análise do discurso foucaultiana. Neste texto, serão apresentados dois enunciados, quais sejam: “a contribuição [invisível] de mulheres para o desenvolvimento da sociedade” e “mulheres não gostam de matemática”. Ambos os enunciados foram tratados a partir de uma compreensão de gênero como discursivamente produzido, num entendimento butleriano do termo e da matemática escolar como política cultural. Tal pesquisa, de cunho qualitativo, revelou que as performances de gênero são ainda marcadamente estereotipadas nas vivências dos estudantes, ao mesmo tempo em que há um processo ascendente de engajamento e questionamento dos espaços aos quais os corpos que performam o feminino podem, ou não, ocupar, espaços em que predomina o conhecimento matemático, por exemplo. Portanto, esses espaços são problematizados pelos estudantes participantes da pesquisa, esgarçando a fronteira entre os saberes.
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