A proposta do texto em questão é a de refletir acerca da simbólica do objeto e seus vínculos com a experiência cotidiana dos grupos sociais, imersos em suas paisagens de pertencimento. Portanto, busca situá-lo para além de uma visão reducionista do "objeto museal" desvinculado do vivido. A imaterialidade dos bens culturais emerge, assim, como uma instância das relações dos sujeitos com o mundo social e uma simbólica das coisas que circulam, dispersando sentidos no mundo. Uma antropologia do objeto documental acenaria, dessa maneira, para o objeto e sua dinâmica social, considerando a circularidade e a "alma nas coisas" junto às formas sociais que as engendram e dinamizam. Nesses termos, o papel da mediação se configura como o caminho mais profícuo para evitar o congelamento do objeto e o isolamento da cultura na ação.
The article aims to reflect on the symbolism of the object and its links to day-to-day experience of social groups, immersed in the scenery to which they belong. Therefore, the article tries to take it beyond a reductionism viewpoint of a museum piece disconnected from the living. The immateriality of cultural goods appears, just as an instance in the relationship of subjects in the social world and a symbolism of things which circulate, spreading meaning in the world. In this way, an Anthropology of Documented Objects could demonstrate its social dynamic to the object, considering the circularity and "spirit of things" with the social forms which generated and dynamized them. In this way, the role of mediation can be construed as a more perfect way in order to avoid the congealing of the object and the isolation of the culture of action
Resumo O artigo versa sobre a construção da “Coleção Karajá William Lipkind” composta por 527 (454 localizados) artefatos do acervo do Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional, realizada pelo antropólogo estadunidense William Lipkind. Filho de emigrantes judeus-russos, Lipkind chega ao Brasil num período de eminência da Segunda Guerra Mundial, quando permanece por 14 meses, de 1938 a 1939, entre os Karajá do vale do Araguaia. Sua pesquisa é mediada pela diretora do Museu Nacional, Heloísa Alberto Torres que recebe igualmente outros estudantes da Universidade de Columbia, como Buell Quain, Ruth Landes e Charles Wagley. O estudo dos itinerários da coleção de William Lipkind, entre outros atores e instituições no Brasil e nos Estados Unidos, traz conhecimento novo a respeito da qualificação da própria coleção, da história da antropologia no Brasil e nos Estados Unidos.
Neste artigo analisamos as representações sociais articuladas pelos grafismos aplicados nas bonecas karajá a partir do entendimento de que a cultura material está inserida em contextos sócio-ecológico-territoriais e imbricada nas dinâmicas de poder que envolvem sua produção, significação e circulação. A análise é feita a partir dos dados levantados na pesquisa coletiva que subsidiou o registro do modo de fazer e formas de expressão das Ritxoko como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A pintura dos grafismos integra o processo de fabricação das figuras em cerâmica pelas mulheres, articula o mundo simbólico karajá e revela igualmente um processo criativo próprio, decorrente de fatores exógenos como aqueles imputados pelo contato interétnico. Nesse sentido, as ceramistas são classificadas internamente como "boas ceramistas" a partir de categorias que interligam arte, relações de gênero, saber tradicional, inovação e prestígio.
This article analyses the social representations of graphisms on Karajá dolls based on the idea that material culture is embedded in socio-ecological-territories contexts and interconnected to the dynamics of power involved within its production, meaning and circulation. The study is based on the data collected by a research group which informed the registry of "how to do" and "the expression forms" of the Ritxoko as Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. The graphisms drawing is a phase of the fabrication of ceramic dolls by women which articulates Karajá symbolic world as well as unveils a singular creative process coming up from external factors as the inter-ethnical contact. From this standpoint, the ceramists are classified by the members of their group as "good ceramists" based on categories that merge art, gender relationships, traditional knowledge, creativity and prestige
On September 2, a hot Sunday in Central Brazil, I saw the incredible images of an enormous re rapidly consuming the National Museum of Brazil-a building that is itself protected as heritage. The building was the residence of the Portuguese royal family and was transformed into the rst house of science in Brazil at the end of the nineteenth century. The re left the vulnerable 20 million pieces -rare collections and documentary dossiers of areas of knowledge such as anthropology, archeology, geology, biology, linguistics, and biological anthropology, among others-irreparable. In spite of this, from a traumatic memory that will persist for some time, I insist on thinking about the future.The re destroyed the exhibition rooms, archives, library, and administrative headquarters of several postgraduate courses in Brazil, including social anthropology, which is among the oldest and was awarded a standard of international excellence by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (the Brazilian postgraduate evaluation agency or CAPES). Displays and archives of insects, prehistoric fossils, thousands of documents, photographs, and ethnographic artifacts were turned into a desolate landscape. The re also consumed the oldest human fossil ever discovered in the Americas: Luzia-dated as 12,000 years old. I have worked as an associate researcher in the Ethnology and Ethnography Department of the National Museum since 2013, studying with my students a collection of Karajá artifacts-Karajá are an indigenous group from central Brazil. The anthropologist William Lipkind, a student of Ruth Benedict and Franz Boas at Columbia University, created this collection in 1938-39; at the time he had an academic partnership with the National Museum. The re caused the third oor, where this collection of 527 objects was housed, to collapse, destroying the Ethnology and Ethnography
resumoApresento no presente artigo algumas reflexões etnográficas a respeito das redes sociais da cidade de ouro Preto tendo o patrimônio cultural como víeis metodológico. A análise dialoga com dados provenientes de pesquisa de campo por meio de entrevistas, levantamento em arquivos e acervos realizados entre os anos de 2007 a 2009. Neste trabalho fizemos um recorte analítico enquadrando um dos dramas sociais da cidade, a escravidão, que compõe um dos fios das teceduras patrimoniais de ouro Preto. As categorias conceituais utilizadas na análise são patrimônio, memória, museus, e história. Por meio destas categorias percebe-se a cristalização de outra categoria, a do sofrimento, presente no imaginário sobre a cidade, e reificado pelas práticas museológicas a favor da história síntese do estado-Nação brasileira, numa perspectiva hierárquica, excludente e redutora. Práticas que inviabilizam a complexidade da cosmovisão afroouro-pretano que podem levar a uma ideia ingênua da vitimização social ou obliterar novas possibilidades patrimoniais relacionadas à cidadania.Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Memória, ouro Preto.
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