Como a energia elétrica é um bem essencial em nossa sociedade, este artigo analisa a evolução da formação e estruturação do setor elétrico brasileiro, desde o surgimento da energia elétrica no Brasil, em 1880, até o final de 2002. A análise se faz a partir da descrição histórica linear, com cortes em fatos determinantes que são detalhados e analisados, mostrando-se os principais atores sociais, seus interesses e influência, na data desses cortes. Foi utilizada a metodologia qualitativa e o referencial da teoria institucional, com base na configuração do campo organizacional, além da análise de documentos e de entrevistas em profundidade, realizadas com dirigentes do setor que participaram dessa história. Finalmente, o artigo mostra como o ambiente externo é o principal elemento que influencia a trajetória do setor elétrico, nomeadamente quanto ao investimento ou não de recursos financeiros.
MARCELO MILANO FALCÃO VIEIRA • MIGUEL P. CALDAS INTRODUÇÃOObservamos em outros números desta série (Vergara e Caldas, 2005) que, a despeito da predominância da ortodoxia funcionalista no campo de estudos organizacionais, ao menos desde o final da década de 1980, vertentes de resistência têm surgido para enfrentar tal hegemonia na área. Por um lado, ainda mais próximo do que Burrell e Morgan (1979) chamariam de "sociologia da regulação", surge a alternativa interpretacionista, à qual dedicamos um número da série. Por outro, afastando-se da sociologia da regulação, surgem a teoria crítica das organizações -mais orientada à mudança social -e, mais recentemente, abordagens pós-modernas em estudos organizacionais, cuja alocação nos quadrantes de Burrell e Morgan é problemática, pois, embora surja da contradição à ortodoxia positivista, nega igualmente a teoria crí-tica e os modelos mais radicais.Neste último número da série, oferecemos aos vários docentes que não tiveram até hoje muito acesso a tais abordagens críticas e pós-modernas uma primeira aproximação às alternativas epistemológicas mais recentes ao mainstream funcionalista. A eles dirigimos esta introdução, com o pedido de escusas aos muitos já iniciados, para quem ela parecerá um tanto básica. Além de introduzir os dois textos incluídos neste número como amostras da produção acadêmica crítica (no caso do texto de Valérie Fournier e Chris Grey) e da pós-moderna (artigo de Robert Cooper e Gibson Burrell), objetivamos aqui oferecer uma primeira aproximação a tais tradições alternativas, procurando mostrar as diferenças entre as duas TEORIA CRÍTICA E PÓS-MODERNISMO: PRINCIPAIS ALTERNATIVAS À HEGEMONIA FUNCIONALISTA Marcelo Milano Falcão VieiraProfessor da FGV-EBAPE E-mail: mmfv@fgv.br Miguel P. CaldasProfessor Associado da Loyola University New Orleans E-mail: mpcaldas@loyno.edu vertentes, bem como sua diversidade interna, posto que, longe de serem monolíticas e convergentes, possuem grande diversidade e variância internas. Objetivamos também analisar brevemente sua utilização no Brasil nos úl-timos 20 ou 25 anos, bem como discutir possíveis direcionamentos para pesquisa futura dentro dessas tradições alternativas.De início, precisamos esclarecer alguns pontos de partida, de forma que o leitor possa entender, consistentemente ao tópico em discussão, os pontos de vista aqui expressos de maneira crítica, reflexiva e relativa, e não confundi-los com uma pretensa expressão da "verdade", neutra e distanciada, tão típica da hegemonia funcionalista. Primeiro, devemos deixar patente que nós, autores desta introdução, não somos neutros, temos nossa posição e percepção de mundo, da teoria e do nosso campo, subordinadas a nossas posições sociais e contextos pessoais. Por exemplo, escrevemos ambos no contexto da análise organizacional, que de per se apresenta diferenças fundamentais em relação à análise crítica e pós-moderna em outros campos, como filosofia, artes, ou mesmo sociologia de forma geral. Ambos tivemos ao menos parte de nossa formação acadêmica no exterior, o qu...
Neste artigo, abordamos construtos, conceitos e categorias da geografia, à busca de elementos para a formação de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento. As razões que nos impelem a essa aproximação se relacionam ao contexto geopolítico contemporâneo e à banalização de conceitos como território, por exemplo, usado como mero designativo de um espaço qualquer, sobre o qual se aplicam metodologias, muitas vezes, vinculadas a políticas públicas inspiradas em modelos exógenos. Concluímos que a aproximação à concepção de território indica a necessidade de assumir o caráter relacional das articulações que ocorrem em espaços sociopolíticos construídos por atores sociais e governamentais. Essa necessidade é tanto mais relevante quanto mais se observam iniciativas que vêm sendo encaminhadas no plano federal, no sentido de recuperar a capacidade de planejamento e promoção do desenvolvimento, mediante a formação e a articulação de políticas públicas de âmbito nacional, regional e local.
As Universidades Federais Brasileiras vêm sob análise crítica há mais de três décadas. Em 1968, após anos de discussão, o então Conselho Federal de Educação elaborou um conjunto de recomendações a mudanças estruturais e organizacionais que se transformaram na Lei 5540. Foi uma tentativa de modernizar estruturas desatualizadas que operacionalizavam uma organização multifuncional complexa e burocrática nas áreas administrativa e acadêmica. As Universidades Federais, da forma como estão estruturadas, se tornaram instituições retardatárias em relação aos avanços em políticas de ensino, sistemas organizacionais, estratégias de ação e flexibilidade curricular. Mais de três décadas se passaram e a atual crise da universidade pública federal retrata os mesmos problemas, acrescidos de novos componentes pelo maior dimensionamento que o tempo viria, naturalmente, a agregar. É sabido que as universidades públicas são instituições recalcitrantes à mudança e muito rarefeitas à inovação, embora representem de per si o lugar onde, por objetivos fins, se gera conhecimento e inovação. Contraditoriamente, as universidades públicas, além da transmissão do conhecimento à formação profissional, respondem por cerca de 90% da pesquisa científica nacional. Contudo, esse dado pode ter significância apenas quantitativa, pois será necessário analisar qualitativamente o que é produzido e qual a contribuição que agrega ao campo da ciência e aos superiores interesses nacionais. Sem contar que a geração de novas tecnologias vem se deslocando das universidades federais para instituições de caráter não universitário e laboratórios de empresas privadas, principalmente.As Universidades Federais representam atualmente menos de 5% do universo das Instituições de Ensino Superior no Brasil, o que, na realidade, configura um amplo processo de privatização do ensino superior. Ora, se o indicador de 60% da produção científica nacional é das universidades federais pode-se, com grande
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