O objetivo deste trabalho é analisar indicadores socioeconômicos e étnico-raciais de estudantes da Universidade de São Paulo após a adoção de seu Programa de Inclusão Social. Foram analisados dados sobre renda familiar, origem escolar, escolaridade dos pais e cor / raça dos estudantes dos três cursos mais seletivos e dos três menos seletivos da USP entre 2005 e 2014. Os resultados mostram que, em relação ao aspecto étnico-racial, muito embora os cursos menos seletivos tenham apresentado maior diversificação, todos os analisados foram constituídos, majoritariamente, por estudantes autodeclarados brancos.
O objetivo deste trabalho foi levantar o índice de evasão anual dos alunos cotistas negros das primeiras séries dos cursos presenciais de graduação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Dourados, no ano de 2014. A taxa de evasão anual da UEMS, no período analisado, corresponde a 35,8% nas vagas gerais, que abrange o total de vagas ofertadas (ampla concorrência, indígena, negro). Por modalidade de ingresso, a evasão anual girou em torno de 36,5% na categoria ampla concorrência; 27%, no regime de cotas para a população indígena; e 33,8%, nas vagas reservadas para a população de pretos e pardos. Para uma melhor compreensão das causas da evasão, combinou-se a análise quantitativa com as entrevistas de seis alunos negros que desistiram dos seus cursos. Essas entrevistas destacaram como fatores da evasão: a dificuldade socioeconômica, a distância entre domicílio e universidade, falta de afinidade com o curso escolhido, como também a falta de acolhimento por parte da instituição. A ínfima diferença do número de evasão, entre os estudantes ingressantes pela ampla concorrência e os ingressantes pelo regime de cotas, mostra que a evasão é um problema amplo, não específico aos ingressantes pelo regime de cotas, reconhecendo a importância das ações afirmativas para o acesso e a diversificação étnico-racialdo ensino superior brasileiro.
No presente artigo, buscamos delinear a emergência do cenário de combate ao que tem sido chamado nos tensionamentos acerca das questões de gênero e sexualidade de “ideologia de gênero”. Pretendemos identificar, a partir de uma análise genealógica foucaultiana, quais são as relações de poder e os regimes de saber/verdade que dão sustentação a esse fenômeno. Como foco de análise, nos debruçamos sobre os discursos que permeiam/compõem os projetos de lei apresentados no Congresso Nacional voltados à proibição da chamada “ideologia de gênero” e à instituição do Programa Escola Sem Partido nas principais diretrizes educacionais brasileiras. O objetivo é demonstrar que as articulações de forças conservadoras moralistas no Congresso acionam e são acionadas por pânicos morais em torno da presença das temáticas de gênero e de sexualidade no âmbito escolar, bem como, evidenciar o que se esconde e se mostra por detrás desse processo. Por meio de nossa análise apontamos que longe de figurarem como mecanismos de repressão, essas proposições têm uma função dual de poder, tanto jurídica como produtiva, que se articulam no sentido de proibir os temas de gênero e sexualidade na escola, por um lado, e, por outro, reiterar um determinado “regime” de poder-saber-verdade sobre o binômio sexo-gênero que sustenta/reitera a matriz heterossexual. Sugerimos que os projetos de lei se tratam de dispositivos jurídicos centrados na imposição de um silenciamento tagarela, que fala sobre as normas e (in)coerências binárias de gênero muito mais do que as cala.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.