RESUMOO que é um autor? Essa questão foi posta em 1969 por Michel Foucault e permanece ainda hoje sem uma clara resposta. Com as novas transformações no exercício da função-autor promovidas, sobretudo, pela internet e pelos meios digitais, a questão do estatuto da autoria parece ganhar ainda mais destaque. Afinal, o que restará da figura moderna do autor? Procurando contribuir para novas investigações nesse domínio, proponho neste artigo retomar as reflexões de Foucault no sentido de fixar algumas importantes balizas e de oferecer um quadro mais amplo e aprofundado da questão da autoria, articulando-a com três grandes temas da tradição filosófica: o discurso, o sujeito e o poder. PALAVRAS-CHAVE: Autoria; Discurso; Sujeito; Poder. introdução Em 22 de fevereiro de 1969, Michel Foucault proferiu uma famosa conferência, intitulada "O que é um autor?", em um encontro da Sociedade Francesa de Filosofia. Esse texto, que foi novamente apresentado no ano seguinte nos Estados Unidos, recebendo uma versão em inglês ligeiramente modificada, teve um importante impacto nas discussões acerca do estatuto da autoria, especialmente no seio dos estudos literários. Além dessa apresentação, outros dois importantes trabalhos de Foucault desenvolvidos na mesma época, na virada da década de 1960 para os anos 1970, também abordaram diretamente a questão da autoria. São eles: A arqueologia do saber, publicado em março de 1969, e A ordem do discurso, sua aula inaugural no Collège de France, proferida em 2 de dezembro de 1970.
Foucault, nos anos sessenta, demonstrou grande entusiasmo pela força transgressiva da escrita literária e suas “experiências de pensamento”. Contudo, a partir dos anos setenta, a literatura passou ser rejeitada como algo assimilado. Neste artigo, gostaria de analisar os motivos que provocaram essa mudança, ligados a uma nova concepção de poder.
Antoinette Rouvroy é sem dúvida umas das principais referências mundiais no que se refere ao uso dos big data e de algoritmos nas sociedades modernas, tendo cunhado o termo, juntamente com Thomas Berns, de “governamentalidade algorítmica”, agora bastante estudado e difundido. Nesta entrevista, encaminhada com exclusividade à Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, a pesquisadora afirma que certas tecnologias pretenderiam eliminar as incertezas sobre o futuro, interferindo e moldando comportamentos humanos. Apesar de tecer duras críticas à atual “sociedade da otimização”, na qual se destacam ao mesmo tempo o afã de otimização e ao mesmo tempo a espantosa passividade digital, também declara ter esperanças em um futuro não tão distópico. Segundo ela, “a melhor forma de resistência é não se deixar fascinar pela Inteligência Artificial”. Por fim, revela que é preciso lidar com o fato de que os dados são excessivamente centralizados por grandes companhias e fora de qualquer controle de natureza democrática. Portanto, segundo Rouvroy, é preciso repensar profundamente a situação dos dados, para que as instituições possam exercer algum papel, garantindo a transparência e a finalidade de sua utilização. A entrevista foi concedida originariamente ao Green European Journal, em inglês, em março de 2020. Aqui trazemos a versão revista e ampliada pela autora, com passagens inéditas.
Este artigo tem por objeto de investigação a produção do autor como autoridade nos séculos xiv e xv, a partir das propostas de Foucault sobre a emergência da autoria moderna. Com base nos estudos de Roger Chartier, pretendemos retomar o projeto de uma genealogia do autor literário por meio de um recuo à cultura manuscrita do final da Idade Média e de uma ênfase na questão da materialidade discursiva. Abordaremos as transformações ocorridas na forma-livro e nas práticas medievais, amplamente marcadas pelo anonimato, em direção a novas formas propriamente modernas de criação, circulação, ordenação, apropriação e recepção dos discursos, centradas na função-autor.
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