O presente artigo trata da influência do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CONERH) na gestão de recursos hídricos no Rio Grande do Norte (RN). Para compreender esse cenário, mobilizamos o conceito de estrutura de oportunidades políticas, relacionando-o com o Plano Estadual de Recursos Hídricos. Nosso objetivo é, assim, compreender o processo de recolocação da pauta da revisão do Plano na agenda governamental, a partir da participação institucional no CONERH. A metodologia utilizada é qualitativa: foram feitas entrevistas com 3 conselheiros. Além disso, realizamos análise documental em atas entre os anos de 2011 e 2021, visando identificar se houve oportunidades políticas, utilizando a análise de conteúdo enquanto técnica de análise. Ao final, identificamos que não houve uma relação direta entre o atual governo estadual e a atualização do Plano; entretanto, aferimos que, ao contrário da conjuntura federal, a gestão de recursos hídricos encontrou, no RN, com a mudança de governo, um ambiente político-institucional favorável à continuidade do debate em torno do Plano e da política estadual.
O tema da juventude se cruza com a questão ambiental quando, no contexto contemporâneo, tem aumentado a atuação dos jovens frente às mudanças climáticas. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é compreender e analisar, através das narrativas, as trajetórias dos jovens e as estratégias dos movimentos ativistas brasileiros que se mobilizam em torno das mudanças climáticas. Para tanto, a metodologia da pesquisa é qualitativa, fazendo uso do levantamento bibliográfico e da aplicação de entrevistas semiestruturadas. A técnica de análise dos dados é a análise de conteúdo. A partir dos resultados obtidos, concluímos que as trajetórias dos jovens estão ancoradas na influência familiar e na inserção no movimento estudantil. Ademais, as estratégias utilizadas se ancoram, principalmente, na conjuntura política ou no diálogo com o poder público. Palavras-chave: Jovens. Movimentos sociais. Questão ambiental. Crise climática.
O artigo tem como objetivo central compreender o processo de entrada de militantes no campo burocrático estatal, no governo do estado do Rio Grande do Norte, em 2019. Através de dez entrevistas com militantes que passaram a ocupar cargos na Secretaria de Estado das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEMJIDH), buscamos traçar suas trajetórias para entender as formas de recrutamento empreendidas pelo Governo. Além disso, procuramos fazer uma análise dos discursos sobre o processo de entrada, os desafios colocados e as tensões entre ser militante e ser gestor. Assim como outras pesquisas já apontaram, os governos petistas escolhem pessoas que têm trânsito em diversos tipos de militância (igreja, sindicatos, movimento estudantil, entre outros). No nosso caso, em especial, esses ativistas institucionais compreendem o papel de militante, tentando separá-lo do papel de gestor, mas acreditam que contribuem significativamente com as políticas públicas uma vez que conferem maior legitimidade ao processo de sinalizar a entrada de temáticas específicas na agenda pública.
Nos últimos anos no Brasil, diversas ações que buscavam incentivar a mobilização dos jovens tiveram cortes e/ou deixaram de existir. Essas perdas desmobilizaram boa parte da juventude que vinha tentando se constituir como ator político no campo de disputa. Entretanto, no caso da juventude rural do território Mato Grande, no Rio Grande do Norte, as perdas estão sendo articuladas pelos jovens para pautar novas mobilizações. O artigo busca entender as perdas como ponto de partida para compreender como os jovens rurais dão sentido a elas e como vêm se mobilizando e criando estratégias para atuação no campo político. A metodologia é qualitativa, utilizando como fonte de dados entrevistas coma as principais lideranças juvenis do território a fim de compreender a “narrativa da derrota” (Bechwith, 2015). Os resultados mostram que as perdas foram frustrantes para a juventude rural, mas produziram efeitos significativos na articulação de novas possibilidades de lutas no âmbito local e nas mobilizações pelas redes sociais.
Os estudos acerca da juventude ganharam maior relevância na academia nos últimos anos, ampliando as possibilidades de análise dessa categoria, consolidando a ideia do jovem como ator político e social. Essa ampliação de estudos destacou a heterogeneidade do jovem, fomentando pesquisas sobre os diversos aspectos das juventudes. A juventude rural faz parte da diversidade de atores sociais que compõem as juventudes, e estudar suas dinâmicas e fenômenos sociais têm sido uma necessidade emergente. Nesse sentido, este artigo busca analisar a juventude rural sob o conceito de poder simbólico (BOURDIEU, 1989), na tentativa de compreender como as relações de poder e dominação simbólica estão presentes na vida dos jovens de Bebida Velha, comunidade rural tradicional localizada em Pureza, RN. Utilizamos como metodologia analítica o Discurso do Sujeito Coletivo, que consiste numa técnica com viés qualitativo e/ou quantitativo que se propõe a construir um discurso coletivo com base em discursos individuais de um mesmo grupo social. A partir da análise do Discurso do Sujeito Coletivo de maneira qualitativa, construído por meio de 15 entrevistas semiestruturadas realizadas com os jovens rurais, percebemos que os principais espaços de socialização da juventude rural (educação, trabalho, família e grupos de lazer) podem ser reprodutores das relações simbólicas de poder e dominação, ao mesmo tempo que representam espaços de sociabilidade e oportunidades de mudança social.
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