Neste artigo, analisa-se a posição social dos agricultores de assentamentos rurais na estrutura de poderes econômicos da sociedade brasileira e as perspectivas de geração de renda em um contexto de mercados oligopolizados. Argumenta-se que, enquanto proprietários de pequenos patrimônios produtivos, estão condicionados a um espaço social de integração que tende a determinar uma reprodução simples das condições de trabalho dos integrantes da família. Esse contexto indica algumas opções para o lançamento de alternativas de geração de renda, restringidas às características onde os assentamentos se localizam e às propriedades socioculturais incorporadas diferentemente pelos assentados durante suas trajetórias sociais. As situações analisadas procuraram identificar não só as relações de poder, mas também suas materializações nos sistemas simbólicos resultantes da histórica e estrutural desigualdade da sociedade brasileira. A incorporação de estruturas objetivas e subjetivas pelos agricultores-assentados, expressada nos assentamentos, constitui margem para acessar e construir diferentemente os mercados.
The estrangement caused by feminist practices and actions marches in line with the gender inequalities and hierarchies of a patriarchal society that considers them legitimate. However, one has to say and discuss that feminism as women's struggle for rights and equality, has an internal complexity that deserves attention, covering a set of scientific-level strands, analytical, activism and experiences lived differently by women in different times and spaces. The purpose is to situate the recent - and still under construction - popular peasant feminism, which has emerged in discourses of women from rural social movements. This study looks back at the Peasant Women's Movement trajectory of Santa Catarina (MMC/SC), and intended to point out elements to understand the route and the particularities of their feminist struggle. Therefore, it is structured based on the proponent's master dissertation, constructed based on the concepts of trajectory (Bourdieu, 1996), gender (Scott, 1990), male domination (Bourdieu, 2014) and experience (Thompson, 1981), and from the interviews, analysis of the document collection and newspapers, participation in the training space of the MMC / SC and consultation of the bibliography.
IntroduçãoAs ciências sociais brasileiras costumam situar no início da segunda metade do século xx uma relativa decadência econômica das elites agrárias, como no caso dos senhores de engenho (Garcia Jr., 1989), ou política, como no caso dos barões do café (Stolcke, 1986). Os senhores de terra viram diminuídas suas influências sob a vida política nacional e clientelas de subordinados em seus domínios fundiários. A relativa decadência econômica e política passa a caracterizar a imagem dos grandes proprietários de terra, sobretudo a partir da Revolução de 1930, em que pese esta ter sido conduzida por filhos das elites agrárias de estados secundários na Federação (Garcia Jr. 2007). É notadamente a partir daí que temos um Estado e uma economia nacional, em que o Brasil surge como "país do futuro" (Zweig, 1941), dadas as transformações que começavam a ocorrer.Inversamente às trajetórias coletivas de descenso relativo daquelas elites agrárias, os grandes proprietários de campos do sul do Brasil, criadores de gado extensivo, cujos domínios são chamados de estâncias e de estancieiros os seus senhores, possuem uma trajetória ascendente tanto econômica quanto politicamente, em que seus integrantes passam a ocupar os principais postos de mando da política nacional e da burocracia do Estado (Love, 1975; Piccin, 2012, pp. 212-220). Foi a partir de 1930 que as antigas charqueadas foram
Este artigo analisa o processo de constituição e desestruturação da Cooperativa de produção, serviços e comercialização Terra Vida/COOPERVIDA, localizada no Assentamento Ceres, município de Jóia, Rio Grande do Sul (RS). Esse Assentamento foi formado em 1997, como resultado da compra pelo INCRA da chamada Granja Ceres, considerada altamente especializada na produção intensiva de leite. À COOPERVIDA caberia assumir a infraestrutura produtiva da antiga Granja e utilizar uma área de 200 hectares com a atividade leiteira, além de tutorar os assentados tanto na produção quanto na comercialização leiteira. Contudo, as conjunturas da ocorrência da febre aftosa no ano de 2000, da valorização do preço da saca de soja, da introdução de sementes transgênicas, da conjuntura internacional do mercado de lácteos, da aplicação dos créditos do PROCERA, além da lógica do rolo, foram fatores determinantes tanto para que a COOPERVIDA desestruturasse sua base produtiva física (área de terra e infraestrutura), quanto para que sua base social perdesse a confiança e referência. Deste modo, problematiza-se a trajetória da COOPERVIDA desde os processos que desencadearam sua fundação até sua desestruturação.
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