O presente texto discute a integração ensino-serviço, no âmbito do PET-Saúde Mental, por meio de um olhar sobre as afetações produzidas na articulação entre ensino-pesquisa-assistência e nos encontros entre discentes, docentes e trabalhadores. Valemo-nos, para tanto, de diferentes registros (memórias, relatórios e papers) da experiência realizada entre 2012 e 2014. Apresentamos alguns de seus dispositivos: itinerários de formação, cogestão da pesquisa e encontros formativos; assim como seus efeitos: a potencialização da rede e da corresponsabilidade na atenção aos casos de saúde mental, aprimoramento dos Projetos Terapêuticos Singulares e da coordenação do cuidado, ampliação da função formadora do serviço e problematizações da formação profissional pela universidade. Este encontro universidade-serviço, aqui pensado em sua potência formativa, caracteriza-se pela interferência criativa e por efeitos transformadores para os envolvidos.
Resumo As origens da Psicologia brasileira se relacionam ao projeto de modernização do país, com que ela contribuiu por meio de uma concepção universal de sujeito e de processos de classificação e categorização, pouco atentos às necessidades da realidade social. No processo de redemocratização do país, condições históricas possibilitaram uma ruptura com essa perspectiva, operada pelo Projeto do Compromisso Social. Este texto apresenta uma reflexão sobre o caminho de construção dessa ruptura e de um projeto ético-político comprometido com a realidade brasileira. Analisa o percurso impulsionado na virada do século XX para o século XXI por meio da atuação de entidades da profissão, notadamente os Conselhos de Psicologia, em articulação com importantes mudanças na atuação das psicólogas. Tal percurso permitiu uma revisão crítica da Psicologia, sendo apresentado em cinco eixos: produção de sujeitos democráticos e defesa da democracia; construção de resistência à alienação e combate ao pensamento colonizado; perspectiva de serviços profissionais comprometidos com a garantia de direitos; aprimoramento da qualidade da prática profissional das psicólogas; e expansão das fronteiras da psicologia. Em cada um, são apresentadas ações, estratégias e projetos que levaram à ampliação e ao reconhecimento social da Psicologia, organizada, democrática, ousada e acessivelmente à maioria da população. Ao mesmo tempo, apresenta desafios para a continuidade desse projeto na realidade atual, apostando que, com 60 anos de regulamentação, a Psicologia é capaz de enfrentar novas questões que se colocam no país por meio da atuação das profissionais que levam adiante o projeto de compromisso social.
A desigualdade social expressa-se, dentre outros modos, na dificuldade de acesso ao ensino superior. Medidas compensatórias e de ações afirmativas foram um avanço na medida em que abriram espaço para que negros(as) e periféricos(as) pudessem ocupar os bancos universitários. O objetivo deste trabalho foi analisar e compreender as experiências, percepções e sentidos subjetivos constituídos por discentes bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni) do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) resultantes do encontro das estudantes pobres com a Universidade, local em que diferentes classes sociais se encontram. Destacamos a dimensão subjetiva do fenômeno, trazendo a realidade (objetividade) para a constituição da subjetividade, numa tentativa de superar as teorias objetivistas e subjetivistas, apropriando-nos do materialismo histórico dialético e da Psicologia Sócio-Histórica. Foram realizadas conversações para a produção de dados com duas prounistas que estavam cursando o quinto ano do referido curso em 2016. As falas foram compreendidas e analisadas à luz da desigualdade social, a partir da proposta de análise dos Núcleos de Significação. O movimento dialético de análise nos permitiu explicitar os sentidos subjetivos – doloridos e potentes - das graduandas no encontro desigual com a universidade, que produziu reposicionamentos importantes de existência e resistência.
Este artigo apresenta pesquisa realizada sobre o papel da escola na constituição da masculinidade gay. Para isto estudamos as significações constituídas por estudantes autodeclarados gays, suas experiências e vivências na escola, enfocando a constituição de sua orientação sexual. O estudo considerou também o fato de vivermos em uma sociedade marcada pela desigualdade social, acreditando que este aspecto poderia ser determinante nas experiências e significações. Foram realizadas conversações com dois grupos de adolescentes homens autodeclarados gays, pobres e ricos, do Ensino Médio da cidade de São Paulo. As conversações foram analisadas a partir da perspectiva da Psicologia Sócio-Histórica e do procedimento de constituição de Núcleos de Significação. O movimento dialético de análise nos permitiu afirmar que a escola é uma instituição social importante na constituição da masculinidade dos adolescentes gays e precisa superar, institucionalmente, o seu estranhamento às funções sociais que lhe cabe.
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