RESUMO A implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) acarretou a emergência de processos de qualificação de recursos humanos em saúde, o que engendrou a necessidade de construir as concepções curriculares no campo educacional da saúde no Brasil. Assim, o campo da Saúde Coletiva (SC) emerge como profícuo no desenvolvimento da discussão multirreferencial em saúde, no âmbito da educação, formação e trabalho. Este estudo objetivou analisar a percepção de docentes do curso de Medicina de uma universidade pública do Ceará sobre os desafios da formação médica em Saúde Coletiva. Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, realizado com emprego da técnica de grupo focal. Foi conduzida uma sessão de grupo focal com quatro docentes das disciplinas da área da Saúde Coletiva, sendo o material qualitativo organizado em categorias e processado por meio da Análise Temática. Após a análise, emergiram as categorias: preconcepções dos discentes sobre a Saúde Coletiva; infraestrutura e preparação para uso das metodologias ativas; diálogo entre os docentes das disciplinas do eixo de Saúde Coletiva; interlocução entre a teoria e prática médica; papel ativo do discente na aprendizagem; interdisciplinaridade. Os professores assinalaram o preconceito no início do curso, sendo as novas estratégias didático-pedagógicas, pautadas nas metodologias ativas, fundamentais e mais atraentes e adequadas ao contexto social vigente, estimulando a busca do conhecimento e a melhoria da relação aluno-professor. Ademais, reconheceram a existência de fatores específicos do curso de Medicina que dificultam a aplicabilidade de estratégias didático-pedagógicas: fragilidade da formação pedagógica de grande parte do corpo docente para o exercício da docência, devido à inexistência de uma política de educação permanente e à estrutura física inadequada. Ratifica-se a importância das disciplinas da área da Saúde Coletiva para a formação do médico nessa área no que tange às competências propostas pelas DCN 2014, contribuindo para o agir do médico e para sua organização como parte de uma equipe de saúde. Dessa forma, para qualificar a formação médica, inexoravelmente, não se pode prescindir da inserção da Saúde Coletiva na matriz curricular do curso. Para que isso ocorra, é imprescindível que os conteúdos teóricos estejam atrelados ao contexto social e tecnológico vigente e pautados nas metodologias ativas de aprendizagem.
Resumo: Introdução: A atuação do médico de família e comunidade exige um domínio amplo de conhecimentos, habilidades e atitudes para enfrentar a complexidade dos pacientes, da família e da comunidade, com vistas a agir para além da dimensão curativa. Nesse contexto, o internato consiste em uma experiência fundamental para promover a articulação teórico-prática da formação médica. Objetivou-se analisar o internato em Medicina de Família e Comunidade (MFC) de uma universidade pública de Fortaleza-CE, na perspectiva do discente. Métodos: Realizou-se estudo transversal, descritivo, quanti-qualitativo, em agosto e setembro de 2018 com 30 acadêmicos do curso de Medicina do 12º semestre. A coleta de dados foi conduzida por meio de um questionário on-line que avaliou a percepção do acadêmico sobre a preceptoria, a aprendizagem, as aulas teóricas, a estrutura física das unidades, a satisfação geral com o internato e a relação com outros profissionais. Realizaram-se análise descritiva dos dados quantitativos e a análise de conteúdo do tipo temática. Resultados: A maioria dos acadêmicos era do sexo masculino (65,5%) e estava na faixa etária de 22 a 24 anos (55,1%). A satisfação geral com o internato foi considerada como boa (60%) e as aulas teóricas também (63,3%). O aprendizado foi avaliado como bom quanto à: relação médico-paciente e habilidades de comunicação (46,7%); habilidade de registro em prontuário (33,3%); habilidade para realizar atividades coletivas com usuários e equipe multiprofissional (43%). Um total de 73% considerou que o internato contribuiu para a futura atuação profissional na atenção básica. Os aspectos positivos do internato foram: preceptoria; aprendizado acerca da relação médico-paciente; autonomia do discente na condução dos casos; carga horária para estudos; aproximação com a realidade da comunidade; inserção na rotina da unidade; diversidade na aprendizagem; e formação teórico-prática. Por sua vez, destacaram-se como aspectos negativos: infraestrutura da unidade básica de saúde; aprendizagem acerca de ações coletivas e interdisciplinaridade; realização de atividades essenciais; prática baseada em evidências; e preceptoria. Conclusão: De forma geral, o internato em MFC foi bem avaliado pelos discentes, principalmente quanto à preceptoria, ao aprendizado em habilidades clínicas e à contribuição para sua formação médica em uma futura atuação na atenção primária. São necessárias novas pesquisas avaliativas que envolvam a percepção dos preceptores e dos demais profissionais da equipe de saúde, com inclusão da análise da dimensão formativa.
Objetivou-se relatar uma experiência de formação médica sobre planejamento em saúde em uma instituição pública estadual de ensino superior. A disciplina foi ofertada no 4º semestre do Curso de Medicina para 36 estudantes. Houve combinação do ensino tradicional a partir da exposição dialogada com as metodologias ativas de aprendizagem, além de visita técnica a instâncias de planejamento e atividade prática em serviços de saúde. O Google Classroom foi utilizado para comunicação, envio de materiais, postagem de atividades e feedback. As atividades desenvolvidas estimularam a colaboração e o papel ativo na aprendizagem, além de promoverem uma aproximação do contexto vivenciado pelos gestores no âmbito do Sistema Único de Saúde. Enfatizou-se o planejamento estratégico situacional e na importância da prática dialógica na proposição de ações. Esta experiência forneceu subsídios para abordagem do planejamento em saúde na formação médica, oferecendo bases para aplicação do planejamento como ferramenta de gestão.
Objetivou-se descrever a experiência relacionada à aprendizagem ativa e híbrida na formação médica sobre políticas públicas de saúde em uma instituição pública estadual de ensino superior. A disciplina foi ofertada no período de dezembro de 2019 a abril de 2020 no 4º semestre do Curso de Medicina para uma turma constituída por 36 discentes. As principais metodologias ativas utilizadas na condução da disciplina foram: Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom), Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), jogo educativo e aprendizagem baseada em projetos. O ensino híbrido consistiu no uso do Google Classroom, um sistema de gerenciamento de conteúdos com a finalidade de compartilhar materiais para leitura, explicar e receber atividades, bem como avaliar a aprendizagem. Ao final da disciplina foi realizada uma avaliação institucional por meio do Google Forms para apreender a percepção dos discentes sobre os métodos de ensino e aprendizagem, os professores e a contribuição para a formação médica, além de captar os pontos positivos, negativos e sugestões. As metodologias ativas de aprendizagem e o ensino híbrido proporcionaram integração teórico-prática dos conteúdos; maior engajamento e participação ativa do discente; fortalecimento do trabalho colaborativo; ambiente sensibilizador e motivador para a aprendizagem; feedback contínuo e qualidade na gestão da aprendizagem. Contudo, foram apontadas como desvantagens a alta carga de atividades didáticas e a sobrecarga dos discentes mais dedicados nas atividades em grupo, o que demonstra a importância do papel docente como mediador da aprendizagem.
Objetivo: Analisar a influência do estresse nos hábitos alimentares dos estudantes universitários. Métodos: Trata-se de estudo transversal realizado em uma universidade pública, envolvendo acadêmicos do primeiro ano do curso de Medicina, no período de novembro de 2020 a julho de 2021, dos quais 62 participaram, constituindo, assim, a amostra. Foi realizada coleta de dados através de um questionário on-line contendo 33 questões, produzido na ferramenta Google Forms. As variáveis investigadas foram: variáveis associativas (avaliação sociodemográfica e consumo alimentar) e desfecho (estresse). Foram realizadas análises descritiva e inferencial dos dados obtidos, utilizando-se testes estatísticos para estabelecer relações entre as variáveis. Resultados: Verificou-se que a maioria possuía idade abaixo dos 24 anos, vivia sem companheiro(a), tinha renda familiar maior que três salários-mínimos e apresentava IMC < 25. Além disso, a maioria consumia frutas ou copos de suco de frutas, verduras, legumes, leguminosas, proteína animal, frituras, embutidos, guloseimas, carboidratos em quantidade excessiva ou insuficiente, assim como consumia carne de gado ou frango com gordura ou não consumia carne, utilizava óleo vegetal, não acrescentava sal a mais em suas refeições e não costumava trocar almoço ou jantar por lanches. Observou-se que 32 participantes consideraram-se estressados. Na análise inferencial, pelo teste de Qui-quadrado, houve significância estatística apenas para a variável estresse e o consumo de frituras, embutidos e guloseimas. Conclusões: O estresse possui influência significativa nos hábitos alimentares dos estudantes universitários, que passam a consumir alimentos ricos em carboidratos e sódio, sendo os principais tipos de alimentos consumidos: frituras, embutidos e guloseimas.
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