Resumo: Este artigo visa a apresentar características fonético-fonológicas do português falado em duas Comunidades Quilombolas situadas em mesorregiões brasileiras, Norte de Minas Gerais, Território Gurutubano e Vale do Jequitinhonha, Marobá dos Teixeiras. Sob essa perspectiva, seguindo os postulados da teoria e metodologia da Sociolinguística Variacionista, da Dialetologia e da Geolinguística, aos quais se acrescentaram informações diacrônicas relativas à origem, formação e evolução do português falado nessas comunidades observadas, os resultados comprovaram que os fenômenos registrados na variedade popular e rural do português falado pelos quilombolas não são peculiares às duas mesorregiões pesquisadas, mas heranças linguísticas românicas e portuguesas que se mantêm na fala desses brasileiros. Tais constatações estão alicerçadas em fatos históricos, sociais e evidências linguísticas encontrados em literatura pertinente, principalmente dialetológica, resultantes de investigações feitas com dados da oralidade compilados por pesquisadores brasileiros e portugueses que desenvolvem trabalhos sobre a descrição da língua portuguesa nas regiões de além e aquém-mar. Os resultados também corroboram a vertente teórica de que o português popular brasileiro possui raízes originais, rurais e populares.Palavras-chave: Gurutubanos. Marobá dos Teixeiras. Português. Dialetologia. Vogais do português.
Como uma das questões fundadoras da Sociolinguística, o estudo das crenças, das avaliações e das atitudes tem se tornado foco de interesse de diversas pesquisas que enfatizam a relevância de se discutirem os fatores intervenientes no surgimento de percepções que geram preconceitos e reações negativas sobre as variedades linguísticas e seus falantes. Com base nessas assertivas, objetivou-se, neste trabalho, discutir como alunos do Ensino Fundamental II, de escola pública em Minas Gerais, e seus responsáveis se percebem como usuários da língua portuguesa. Para tanto, a pesquisa se orientou pelos pressupostos da Sociolinguística Educacional, no entendimento de que a língua varia por influência de fatores internos e externos, considerando-se como categorias o informante, a classe social, o espaço geográfico, a situação de comunicação, o grau de formalidade, a fala ou a escrita. Aplicaram-se questionários, avaliaram-se percepções linguísticas de alunos e procedeu-se à sua correlação com as dos seus responsáveis, tendo em mente a origem do informante (o campo ou o ambiente urbano) e a relação entre a percepção do responsável e a do aluno/filho sobre a língua. Concluiu-se da pesquisa que as crenças dos responsáveis (pais/família) influenciam diretamente as percepções dos alunos/filhos em relação à língua que usam cotidianamente. Baseado no exposto anteriormente, este estudo sugere uma proposta de intervenção pedagógica destinada a um melhor ensino do Português.
Este trabalho objetiva analisar as consequências do contato linguístico que ocorreu em uma comunidade do interior do Espírito Santo, colonizada por imigrantes provenientes do Vêneto, Itália, que ali chegaram no final do século XIX. Especificamente, investigamos o uso da 2ª pessoa do português por parte de quatro bilíngues em vêneto e português, netos desses imigrantes, sendo dois homens e duas mulheres, com idade acima de 57 anos e com baixa escolarização. Os dados foram coletados por meio de entrevistas sociolinguísticas, sendo analisadas cinco variáveis linguísticas e uma extralinguística. Os resultados apontam o emprego de você(s), de cê(s) e de ocê(s) pelos informantes. Nossos resultados não se alinham aos obtidos em outras comunidades brasileiras, evidenciando que, em situações de contato linguístico, a língua materna exerce influência variável na segunda língua, a depender dos fatores linguísticos e sociais envolvidos.
O intento deste artigo é discorrer sobre o vocabulário do português falado cotidianamente pelos moradores da comunidade quilombola do Vale do Gurutuba, Minas Gerais, focando, especificamente, os casos de manutenção linguística, através da análise semântica das unidades lexicais. Investigou-se, no vernáculo em questão, a possibilidade da presença de aspectos lexicais detectados na língua portuguesa utilizada entre os séculos XIII e XV, apontando, além das questões estruturais, fatores históricos, sociais e geográficos como motivadores de tal conservação. O estudo fundamentou-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Lexicologia, Lexicografia e da Linguística Histórica. Discutidas as estreitas relações entre o léxico do português falado pelos gurutubanos e seu universo natural, sócio-histórico e cultural, 254 (duzentas e cinquenta e quatro) unidade lexicais foram selecionadas e sistematizadas em fichas lexicográficas. A partir disso, investigou-se a presença daquelas unidades e das suas acepções em dicionários e pesquisas lexicográficas selecionados para o estudo comparativo desenvolvido. Com base na organização dos dados, as análises foram feitas e seus resultados revelaram que predomina a conservação de unidades lexicais no vocabulário do português falado pelos habitantes do Vale do Gurutuba.
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