<p>Temos como objetivo discutir a construção de conhecimento em Linguística Aplicada focalizando o letramento e considerando as tensões entre o conhecimento local, o campo acadêmico e os programas governamentais como o Observatório da Educação. Descrevemos um processo de formação de professores no âmbito desse programa voltado para a Educação Básica e realizado em um colégio público da Tríplice Fronteira (Brasil/Paraguai/Argentina). Em termos teóricos e metodológicos, os resultados de nossas reflexões sobre práticas de letramento, sustentadas em inserção etnográfica, evidenciaram as possibilidades de reverter as dissonâncias daí advindas em condições epistemológicas para a construção de conhecimento coletivo, reflexivo e crítico. A língua(gem) como prática social, portanto, expressiva das lutas e diferenças entre grupos sociais, constitui um dos grandes desafios para a construção de saberes compartilhados em Linguística Aplicada.</p>
_________________________________________________________________________________________________ Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Calidoscópio E apenas vou indicar, de modo mais geral, que a experiência vivida, em si mesma destituída por completo de pertinência, somente pode entrar na análise científica ao preço de uma verdadeira conversão epistemológica, [...]. (Bourdieu, 2005, p. 93) Resumo: Em Linguística Aplicada, muitas vezes nos perguntamos, ou somos inquiridos, a respeito do tipo de pesquisa que realizamos -se é de fato etnografia ou se é "do tipo", "de cunho" ou "com nuances etnográficas". Pretendemos mostrar que tais indagações tendem a isolar momentos da experiência etnográfica, tomando-os como etnografia, deixando de lado a unicidade da experiência, não explicitando e por vezes ignorando a relação inseparável entre objeto, teoria e 1 Doutora em Letras; Professora de Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Maringá. 2 Doutora em Antropologia Social; Professora e pesquisadora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, na Pós-Graduação em Letras e na Pós-Graduação Interdisciplinar Sociedade, Cultura e Fronteira. 3 Doutora em Linguística Aplicada; Professora na Pós-Graduação em Letras e do Profletras na Universidade Estadual do Oeste do Paraná /campus de Cascavel e do Mestrado/Doutorado em Sociedade, Cultura e Fronteiras /campus de Foz do Iguaçu.Santos, Jung e Silva -Etnografia da linguagem como políticas em ação Calidoscópio -v. 17, n. 1, janeiro-abril 2019 146 método, reduzindo, assim, a etnografia a um método de trabalho de campo. A partir dessa problemática, levantada por meio das pesquisas etnográficas que realizamos em contextos escolares, nosso objetivo neste artigo é abordar a unicidade da experiência etnográfica e sua abrangência para além das especificidades do trabalho de campo. Argumentamos que as etnografias da linguagem em Linguística Aplicada são políticas em ação que atendem a demandas sociais, culturais, econômicas, acadêmicas e pessoais, o que implica tanto nossa participação em contexto quanto o dialogismo constituinte de todo processo de pesquisa, inclusive da escrita do relato etnográfico. Palavras-chave: etnografia; práticas escolares; escrita.Abstract: In Applied Linguistics, sometimes we asked ourselves or we are questioned about the type of research we do -whether it is ethnography or whether it is "type", "approach" or with "ethnographic variant". We intend to show that such inquiries tend to isolate moments of the ethnographic's experience, taking them as ethnography, leaving aside the uniqueness of experience, not explaining and sometimes ignoring an inseparable relationship between object, theory and method reducing, in this way, the ethnography as a method of field work. From this problem, raised through ethnographic's research that we accomplish in school contexts, our objective in...
Agr adec i ment os À Marilda, pela orientação precisa e contribuição fundamental, e por não permitir que a elaboração desta tese, em todas suas etapas, se tornasse um trabalho solitário.À Stella, à Ângela, à Inês e à Teca, pelas sugestões valiosas.Ao diretor, professoras, orientadoras, secretárias, alunos e alunas, pais e mães, participantes da pesquisa, pela acolhida carinhosa, sem os quais este trabalho não existiria.
RESUMO:Considerando as questões políticas, sociais e históricas que recobrem a denominação "brasiguaio" e o decorrente apagamento de sua construção simbólica e ideológica, o artigo problematiza, na diáspora brasileira contemporânea, a construção de identidades locais e globais, identidades essas marcadas por conflito gerado pelo colapso de velhas certezas e pela produção de novas formas de posicionamentos sociais. Focalizam-se nesse contexto complexo, especificamente, alunos "brasiguaios" -neste caso, filhos de pais brasileiros retornados do Paraguai. Essas crianças, na tradição escolar homogeneizadora, podem, facilmente, invisibilizar essa identidade "brasiguaia" (que lhes é imposta e que elas rejeitam) até o momento em que suas leituras em voz alta ou seus textos escritos emergem e elas passam a ser apontadas como problema por seus professores. Na escola, a hibridação dessa escrita e dessa leitura coloca esses alunos sob um holofote avaliador e os rotula como "brasiguaios". Palavras chave: Identidades híbridas; contexto de fronteira; (in)visibilização de minorias essencializadas. ABSTRACT:Taking into account political, social and historical issues which encompass the term "brasiguaio" and the resulting erasure of its symbolic and ideological construction, this paper discusses the construction of local and global identities in the contemporary Brazilian diaspora. These identities are characterized by conflict generated by the collapse of old truths and by the production of new forms of social positionings. In this complex context, the focus is on "brasiguayan" students, in this case these are children of Brazilian parents who have come back from Paraguay. These children, in the homogeneizing tradition of Brazilian schools, can, very easily, make this essentialized brasiguayan identity invisible until the moment their reading aloud or their written texts emerge and they are pointed out as problems by their teachers. At school the hibridation of their writing and of their reading places them under an evaluating spotlight and labels them as "brasiguaios".
ResumoO presente artigo tem o objetivo de discutir sobre como as práticas translíngues (GARCÍA, 2014), transculturais (ORTÍZ, 2002) e descoloniais (MIGNOLO, 2000) são manifestadas na sala de aula de Língua Portuguesa Adicional (PLA) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), sediada na cidade de Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, na região da Tríplice Fronteira com a Argentina e o Paraguai. Tais manifestações translinguajeiras, transculturais e descoloniais em sala de aula de PLA em contexto de fronteira são advindas dos textos escritos produzidos pelos estudantes para seus trabalhos finais da disciplina de PLA. Espera-se, assim, que as atividades aplicadas no contexto de sala de aula de PLA possam recombinar, ressignificar e visibilizar as vozes performadas pelos trans-sujeitos aprendizes, abrindo possibilidades para que transitem por uma multiplicidade de lugares e colaborando ativamente nas diversas redes configuradas pelos territórios transfronteiriços.
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