As contribuições de Carolina Maria de Jesus se estendem para diferentes campos epistemológicos e práticas cotidianas. Considerando a magnitude de suas palavras, buscamos neste artigo reconstruir sua trajetória através da leitura de suas obras mais populares e, a partir disso, mergulharmos em algumas pistas que a escritora nos oferece. As pistas que trilharemos são: a fome (re)lembrada; a importância da escolarização; a escrita testemunhal; o olhar da mulher negra para a branquitude feminina e para as relações étnico-raciais e o ser negra(o) no Brasil. Como efeito da pluralidade temática localizada em seus escritos, compreendemos que seu potencial teórico nos fornece sustentação sobre diferentes eixos de subordinação mediante seu entrelaçamento transdisciplinar, evidente tanto em seus diários quanto em sua escrita ficcional.
Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia 1. Saúde 2.Medicina 3. Enfermagem I. Título
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Este ensaio parte da ideia de que devemos produzir exercícios de contracolonização a fim de que possamos habitar mais confortavelmente nossas práticas de produção de conhecimento dentro da universidade. Partindo da compreensão de que é necessário que o conhecimento se alimente da vida, trabalharemos aqui com o pensamento de Nego Bispo que afirma a importância da produção de saberes que sejam orgânicos em contraponto aos saberes sintéticos, aqueles que são trazidos do exterior, sem que sejam experenciados por quem deles deveria se servir. Nossa proposta é ampliar as gramáticas que definem o que são as epistemologias, descascando a pele deste conceito a fim de contemplar sua porosidade e sua abertura para projetos epistêmicos feministas. Neles, o resgate da memória e de nossas ancestralidades figuram como possibilidades de reencantar nossas pesquisas e denunciar o modo como programas normativos de ciência masculinista e colonial tentam apagar os rastros que deixamos pelo mundo. Finalizamos trazendo as inscrições de uma pesquisa com mulheres-anciãs-bordadeiras, contemplando os bordados que suas palavras desenharam em nossos corpos. Assumindo que o conhecimento é autoconhecimento, caminho inacabado e labuta coletiva, concluímos o texto sentadas nos banquinhos sem encosto das memórias miudinhas plantadas em algum lugar dentro de nós por mulheres-mestras das ensinanças forjadas nas bordas.
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