Este texto apresenta fragmentos do processo de pesquisa sobre os registros e as memórias de um extinto abrigo de alienados na cidade de Joinville (SC). O objetivo deste projeto foi conhecer detalhes da história da referida instituição como forma de perfazer os primeiros capítulos da história da saúde mental/loucura na cidade. A composição metodológica consiste no diálogo entre a psicologia social e a história com base no paradigma indiciário, o qual mediante a observação minuciosa se interessa pelos rastros de memória que podem ser reveladores de pequenos detalhes para a compreensão do assunto pesquisado. Como resultado temos alguns achados de pesquisa – imagens da instituição, livros de registro de internos, reportagens sobre o local, entre outros –, revelando a instituição de forma tímida e superficial, por conta dos registros escassos.
Este artigo problematiza, a partir de uma intervenção artística realizada no centro de Florianópolis (Santa Catarina/Brasil), algumas tensões entre passado e presente e entre memória e esquecimento constitutivas da cidade. Trata-se da performance Parte da Paisagem, realizada em uma avenida onde antigamente havia um rio. A partir da abertura à produção de uma relação estética com o espaço urbano instiga-se o olhar ao insignificante, ao esquecido; propõe-se tensionar passado e presente, o aceleramento, o barulho e a parada, a contemplação do silenciado. Instiga-se escutar o que ainda ressoa na cidade das histórias de camadas submersas, proposta que visibiliza a potência deslocadora da arte.
Este artigo traz alguns sentidos produzidos na experiência de pesquisa e de produção de um documentário a respeito das memórias do território onde se fundou o Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider (1923-1942), primeira instituição psiquiátrica de Joinville/SC. A edificação do Abrigo de Alienados foi realizada, na segunda década do século XX, aos fundos do território de um cemitério e distante do contato com o centro urbano. Após seu fechamento, sua estrutura física foi utilizada como Presídio Político (1942-1945) e, mais tarde, como moradia de famílias de policiais militares (1950-1970), até ser demolida, por volta de 1970, para fins de ampliação do cemitério. Neste artigo, narra-se a elaboração do roteiro e o processo de gravação do documentário “Memórias Invisíveis”, constituído por entrevistas com testemunhas da existência do casarão e intervenções estético-artísticas (performances e projeções de imagens) operadas no território atual onde existiu a edificação, a saber, o cemitério municipal. O artigo traz como resultados reflexões sobre a relação ética para com os vestígios das vidas que tiveram passagem na instituição psiquiátrica e aponta também para a importância política de estratégias de tensionamento de memórias invisibilizadas ligadas à história da loucura.
Palavras-chave: História da loucura; loucura; memória; Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider.
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que investigou a produção de memórias e esquecimentos relacionada ao extinto "Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider", instituição que funcionou em Joinville/SC entre 1923 e 1942 e teve seu prédio demolido cerca de 50 anos depois da sua construção. A inauguração da instituição marcou o início do projeto de "modernização-urbanização" de Joinville, pautado em normas higiênicas centradas nas novas prerrogativas da ciência moderna. Para a realização da pesquisa, rastreamos documentos que contam a história do Abrigo de Alienados: encontramos fotografias, um cartão-postal, trechos de documentos oficiais e notícias de jornal. Com esses documentos, problematizamos o campo de produção da fama e da infâmia em relação a determinados personagens que compuseram a cena dos acontecimentos dessa instituição. O olhar para os registros do Abrigo de Alienados procurou tensionar as diversas vozes que ali se encontram para seguir os rastros insignificantes de uma história, os quais correspondem a certos fatos e sujeitos que não foram considerados dignos de serem memorados: as vidas que sofreram a experiência do confinamento no Abrigo.
Neste artigo, busca-se relatar a experiência de uma pesquisa que se debruçou sobre as memórias invisibilizadas de um cemitério da cidade de Joinville, Estado de Santa Catarina, cuja história de seu território está ligada àexistência, no passado, de duas instituições de confinamento de sujeitos infames: um Abrigo de Alienados (1923-1942) e um Presídio Político (1942-1945). A escuta dos personagens que narram suas experiências com esse local e as estratégias do flâneur como forma de deixar-se levar na busca pelas memórias por aquilo em que se configuram sentidos foram os fundamentos do exercício de “ficcionar” sobre esse determinado objeto de estudo, a partir de uma relação sensível com esse campo, uma “Cidade dos Mortos”, onde foi possível escutar as vozes que nele ainda pulsam e tensionam a história desse local e seu aparente estado de silêncio na cidade.
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