Resumo Ao caminhar pelas ruas de Porto Alegre, nos deparamos com muitas mensagens voltadas às mulheres, falando sobre luta feminista, visibilidade lésbica, violência contra a mulher, empoderamento, entre outras. Essas palavras são pintadas, pichadas, coladas, estão nas paredes, muros, postes e prédios em um modo de fazer política que se mistura à arte urbana. Neste artigo, investigo sobre mulheres que utilizam o espaço urbano como uma tela para passar sua mensagem. Ao desviar da norma-padrão, em que o domínio do olhar e do espaço público é assumido como masculino, falo sobre a produção visual e artística de militância relacionada às questões de gênero e como isso se reflete na ocupação das ruas. A partir da observação e catalogação fotográfica das mensagens e de entrevistas com artistas, pesquiso sobre táticas do ativismo feminista relacionadas ao fazer artístico e à ocupação da cidade por corpos femininos.
Estamos, há alguns anos, vivendo um momento de resgate histórico de importantes nomes de mulheres em diversos campos do conhecimento. Nas artes visuais, e aqui falamos mais especificamente da área de fotografia, muitos trabalhos realizados por mulheres pioneiras vêm tendo seu caráter inovador reconhecido e estudado com o devido aprofundamento apenas após o falecimento de suas autoras. Nesse movimento, Yara Schreiber Dines, pós-doutora em Fotografia pela Universidade de São Paulo e doutora em Antropologia Social, apresenta-nos os trabalhos das fotógrafas Hildegard Rosenthal e Alice Brill, enfatizando que elas "são consideradas como pioneiras da produção documental e de caráter fotojornalista no Brasil na época" (Dines, 2020:49).Na obra intitulada Hildegard Rosenthal e Alice Brill, fotógrafas de além-mar: cosmopolitismo e modernidade nos olhares sobre São Paulo (2020), resultado de sua pesquisa de pós-doutorado, a autora Yara Schreiber Dines analisa criticamente as produções dessas duas fotógrafas dando ênfase à condição de imigrantes e de mulheres, características que as duas tinham em comum. Existem outros aspectos que aproximam as duas fotógrafas, como o fato de terem realizado suas formações em fotografia na década de 1920, na Alemanha, e terem saído da Europa nos anos 1930, buscando refúgio e lugar seguro após a ascensão do nacional-socialismo. Para chegar à seleção do corpo de trabalho apresentado no livro, a autora realizou pesquisa em acervos, principalmente no Instituto Moreira Salles e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, bem como coletou depoimentos e imagens com familiares das fotógrafas e colegas fotógrafos da época (Dines, 2020).O livro é publicado pela editora Intermeios e faz parte da coleção entreGêneros, dirigida pela historiadora feminista Margareth Rago, que concentra publicações críticas sobre questões de gênero, sexualidade e corpo. Como o título antecipa, boa parte das imagens produzidas por essas mulheres foram realizadas no centro da cidade de São Paulo, ou seja, são fotografias urbanas. O recorte temporal da produção imagética situa-se nas décadas de 1940 e 1950. A obra constitui importante referência tanto para os estudos feministas e de biografias de mulheres quanto para a história da fotografia, das cidades e da construção da modernidade no Brasil.No primeiro capítulo, "Hildegard Baum e Alice Brill, formação e despertar da sensibilidade: entre vanguardas e sombras", a autora realiza uma apresentação histórica do cenário político e social da Alemanha no início do século XX, finalizando com o relato da emigração das duas fotógrafas até chegarem ao Brasil, especificamente na cidade de São Paulo. No capítulo dois, "São Paulo na imagética de Hildegard Rosenthal e de Alice Brill, fotógrafas imigrantes modernas", tomamos conhecimento do processo de inserção delas em São Paulo e somos apresentadas a um recorte das suas produções fotográficas sobre a cidade nos anos 1940 e 1950. E, finalmente, no capítulo três, "O autorretrato e o alter ego de Hildegard Rosenthal, em São ...
<p>O presente artigo consiste em um resumo da dissertação de mestrado da autora. A pesquisa fala sobre a experiência do olhar no retrato e como ele se traduz ao lidar com homens e mulheres. Foram realizados encontros para a produção de trocas de retratos entre a artista e seus amigos, em que ela utilizou a fotografia e eles utilizaram técnicas variadas. A questão de gênero é trazida para falar sobre o poder de quem olha e sobre como mulheres e homens são vistos e representados em imagens. A lógica dualista artista-homem / modelo-mulher presente na história da arte é questionada. No caso, a modelo deixa de ser passiva e assume um papel ativo por fazer uma proposição e fabricar imagens. O “outro” presente no título pode ser lido como uma das pessoas presentes na relação entre retratado e retratante e, também como a mulher, que é o outro em relação ao homem.</p><p><strong>Palavras-chave: </strong>Retrato, olhar, gênero, representação.</p>
Neste artigo analiso o trabalho de duas artistas que produzem arte urbana relacionada a questões de gênero e que tem como ponto de partida situações de violência. São elas Panmela Castro (Brasil) e Tatyana Fazlalizadeh (EUA). É objeto de reflexão o modo como algumas emoções, como raiva e medo, aparece em seus discursos e de que maneira se entrelaçam com o fato de elas serem mulheres negras que ocupam o espaço público politicamente. As divisões dicotômicas mulher/emoção/espaço privado e homem/razão/espaço público são abordadas e, também, sua utilização como instrumentos de dominação. Existe o consenso ocidental de que mulheres são naturalmente mais emotivas e suscetíveis ao descontrole do que os homens. Sendo assim, investigo a abordagem que a antropologia desenvolve a partir da micropolítica das emoções, que, nos casos analisados, aparecem como potência para alterar a dimensão macrossocial. Investigo em que local os feminismos e as artistas feministas colocam a raiva em seus discursos antissexistas e antirracistas e, como a utilizam como combustível para agir de forma política e militante, criando peças de arte e protesto. Elas partem de experiências pessoais e provocam reações coletivas e individuais, gerando incômodo e reflexão em um mundo de verdades estabelecidas masculinas e brancas. Realizei esta pesquisa por meio de consulta de material disponível online, acessando entrevistas, vídeos, fotografias e o conteúdo dos sites oficiais das artistas.
A prática da etnografia de rua implica um processo de pesquisa de campo em contextos urbanos para a captação de imagens fotográficas, videográficas e sonoras. Estas práticas etnográficas são desenvolvidas no âmbito de oficinas de antropologia visual com duração de um semestre ou um ano. Apresentamos o resultado da Oficina desenvolvida em 2017 pelos pesquisadores do Núcleo de Antropologia Visual (NAVISUAL) do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta experiência de pesquisa foi finalizada com a montagem de uma exposição fotográfica no hall da Reitoria da UFRGS de novembro 2017 a janeiro 2018 e um filme intitulado Crônica com Tridente, artista urbano de Porto Alegre.
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