Dramaturgia expandida e seus rastros: questões de historiografia teatral Resumo > O presente texto analisa as distintas acepções de dramaturgia, contextualizando como o conceito sofreu modificações ao longo do tempo, tornando-se mais complexo e amplo. Além disso, discute de que forma a noção de dramaturgia expandida interferiu na compreensão e nas metodologias da historiografia teatral. A reflexão se apoia em pensadores como Bernard Dort, Carlo Ginzburg, Stela Fischer, Patrice Pavis, entre outros.Palavras-chave: Dramaturgia; Dramaturgia expandida; Historiografia Teatral.
Marina de OliveiraMarina de Oliveira -Professora adjunta II do curso Teatro-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mestrado e Doutorado na área de Letras, em Teoria da Literatura, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2010). marinadolufpel@gmail.com.Este texto surgiu de uma inquietação a partir de minha condição de professora das disciplinas do eixo das "histórias e dramaturgias do teatro", no curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas. Na tentativa de resgatar estéticas passadas, sejam rituais do período pré-histórico, encenações da Grécia Antiga ou de qualquer outro período, entra-se sempre no terreno das especulações, rastros e incertezas. A compreensão das histórias das artes cênicas como parciais, heterogêneas e lacunares traz a sensação de que o tema pode ser de difícil apreensão. O problema não se restringe à distância temporal em relação aos acontecimentos cênicos, mas também à espacial. Como falar acerca da estética do grupo Oficina ou dos espetáculos de Pina Bausch para ouvintes que não tiveram e nem têm acesso a essas experiências? Como compreender o que não se viu em uma arte que tem como essência a presença do espectador diante do evento cênico, efêmero por natureza? E, ainda, em que medida a noção de dramaturgia expandida transformou o campo da historiografia teatral?Dramaturgia expanDiDa e seus rastros: questões De historiografia teatral
Marina de Oliveira (UFPel)16 doi: 10.20396/pita.v8i1.8651505 Pitágoras 500, Campinas, SP, v. 8, n. 1 [14], p. 14 -23, jan./jun.. 2018.O surgimento e a posterior legitimação da figura do encenador, a partir do final do sé-culo XIX, foram determinantes para a relativização da subserviência da encenação ao texto dramático e, por extensão, à pessoa do dramaturgo. A compreensão de que o diretor não é apenas um organizador da cena, mas um ser criador, responsável por expressar seu ponto de vista através do espetáculo, fez com que o texto deixasse de ser visto como uma estrutura rígida e imutável, para ser entendido como um material maleável, aberto a novos horizontes.Figuras emblemáticas, Artaud e Brecht propuseram, cada um a seu modo, uma abordagem diferenciada do texto dramático em suas concepções cênicas. Contrapondo-se à visão textocentrista predominante até meados do sé-culo XX, Artaud defendeu que diretores e atores não deveriam se sujeitarem ao texto, mas sim se apropriarem dele e até mesmo violentá-lo, alterá-lo, caso necessário: "A escravização...