Este artigo tem por objetivo propor pontos de contato entre as experiências de violência e produção de memória no contexto da Argentina e da Palestina, a partir da análise de duas obras distintas, um livro autobiográfico escrito pela palestina Ibtisam Barakat e um livro de memórias produzido por um coletivo de filhos/as de repressores argentinos. Partindo de campos diversos, as fontes apresentam um potencial analítico em comum: a escrita contemporânea de mulheres, com formas narrativas e preocupações temáticas relacionáveis. Propõe-se reflexões entre as obras analisadas, considerando dois objetivos principais: de que forma a “pós-memória” pode ser uma categoria pertinente para pensar esses processos históricos, a partir de uma revisão bibliográfica do conceito que o testa em cenários marginais, e conjecturar sobre o lugar da autoficção feminina na produção do passado recente. Entendendo a pós-memória como um dispositivo crítico e tendo em vista a complexidade temporal que os casos argentino e palestino suscitam, o uso da categoria pode ser uma possibilidade analítica para o emaranhamento de memórias refletidas nesses textos, ainda que particularidades dos efeitos da violência de Estado se coloquem para cada caso.
A presente entrevista nasceu como proposta de atividade a ser desenvolvida no interior da disciplina História do Tempo Presente: teoria e historiografia, do curso de pós-graduação no interior do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina. Nosso objetivo é trazer à baila a pesquisa da professora Teresa Basile que desenvolve estudos sobre a segunda geração afetada pela ditadura nos anos 70 do século XX na Argentina, a saber; as filhas e filhos de repressores argentinos que condenam os crimes praticados pelos seus pais. Basile explora o tema abordando os vínculos entre literatura, violência, política e memória, nas literaturas latino-americanas das últimas décadas. Portanto, trata de temas que nos levam a perceber as violências praticadas pelo Estado no passado recente, nos fazendo refletir sobre as permanências dessas violências no presente e nas lutas que tentam cessar essas repetições na atualidade.
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