Este artigo analisa a expansão do processo de financeirização do setor imobiliário no Brasil. Pretende-se contribuir com o debate a respeito dos mecanismos que transformam um ativo físico, com baixa liquidez e elevado custo de transação, em um ativo financeiro, com elevada liquidez e sem entraves a sua circulação, enfatizando os tipos de contratos e dívidas securitizadas que subordinam a produção habitacional às métricas e expectativas de ganhos do mercado financeiro e integram distintos mercados imobiliários por meio da padronização e da reunião de dívidas imobiliárias em um único termo de securitização. A escala geográfica aqui considerada é a nacional e o foco recai sobre um instrumento financeiro específico, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), que articulam as engrenagens do conjunto de transformações que passaram a integrar, estruturar e coordenar o circuito de investimentos em ativos imobiliários no Brasil. São utilizados os valores totais de CRI emitidos entre os anos de 2011 e 2016, ressaltada a relevância da Caixa Econômica Federal, instituição pública que desempenha a muito o papel de mais importante agente financiador da habitação e são detalhadas as localizações das habitações securitizadas, explorando as dimensões da homogeneização dos produtos, disseminação espacial e seletividade territorial que paulatinamente produzem, comercializam e fazem circular casas de papel.
Este artigo analisa a disseminação de mecanismos de securitização de ativos de base imobiliária, contextualizando-a no crescente processo de transformação da terra, da habitação e da cidade em ativos financeiros que, a partir da antecipação de rendas futuras (principalmente fundiárias), alimenta circuitos por onde circulam e se valorizam diferentes capitais. O termo disseminação é aqui tratado em três vertentes: a primeira, ao se debruçar sobre o caso da cidade de Ribeirão Preto/SP, amplia o debate para a identificação dos processos analisados em cidades médias e não exclusivamente em realidades metropolitanas como parte da literatura nacional e internacional insiste em focar; a segunda, ao constatar que tais processos, antes restritos a vetores seletivos de valorização imobiliária na cidade, tem se disseminado espacialmente em direção a diferentes áreas e bairros da cidade, capturando para sua lógica aqueles que anteriormente eram considerados como de baixas liquidez e inserção no mercado imobiliário e, a terceira, ao constatar a presença cada mais significativa de imóveis residenciais no conjunto dos bens imobiliários securitizados. Além de reforçar a convicção sobre um paulatino e crescente processo de transformação cada vez mais intenso da terra e da habitação em ativos de valor, distancia-os cada vez mais do significado de direito à cidade que seu acesso pode significar.
O presente trabalho coloca em uma perspectiva comparada os mercados imobiliários de duas cidades médias brasileiras. Trabalhando com dados de anúncios imobiliários de terrenos, no período compreendido entre os anos de 1995 a 2010, para as cidades de Ribeirão Preto/SP e Londrina/PR, além de outras diversas fontes de informação, busca-se compreender alguns dos traços contemporâneos de sua produção e das condições de seu consumo. Toma-se como referência a redefinição das lógicas de produção do espaço urbano em geral e das cidades em particular, confrontando-se características tais como a continuidade dos tecidos urbanos e a amplificação das dinâmicas de diferenciação interna da cidade. A partir das particularidades da produção imobiliária, são observadas redefinições nas estratégias espaciais de atuação dos agentes e na ampliação de seu poder econômico sobre as práticas de produzir e se apropriar das cidades.
RESUMO O presente artigo propõe-se ao debate dos procedimentos pertinentes ao estudo da oferta no mercado imobiliário em cidades médias. Enfatiza as potencialidades e as limitações oriundas dos classificados imobiliários como principal fonte de dados. Utiliza-se de exemplos de pesquisas desenvolvidas, discutindo formas de análise e interpretação, através da mediação empírica e das questões associadas ao modo tal como agentes econômicos, circunscritos à dimensão do mercado imobiliário, produzem e comercializam frações do espaço urbano. Para tanto, apresenta os resultados desenvolvidos a partir do estudo do mercado imobiliário das cidades de Londrina/PR, Marília/SP e São José do Rio Preto/SP, destacando as variáveis, as escalas de análise, as formas de tratamento dos dados e o modo de sua representação. Palavras-chave: mercado imobiliário; dinâmica imobiliária; classificados imobiliários; valorização urbana; cidades médias.
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