RESUMO: Examinando objetos relacionados aos antigos candomblés preservados em coleções, Marianno Carneiro da Cunha perfilou uma tradição estética nagô-iorubana criada no Brasil que tem sido considerada como uma das primeiras formulações da arte afro-brasileira, se não uma continuidade da arte africana no Brasil. Expandimos a amostragem enraizada nessa tradição descrita por esse estudioso, chegando a um novo corpus que apresentamos neste artigo, tentando estabelecer as potencialidades da análise estilística que ele empregou, e introduziu no Brasil, como procedimento metodológico no estudo da cultura material de origem africana. Os dados obtidos revelam que, muito além do que originalmente representam, esses objetos podem se constituir apenas em um repertório visual emblemático de abordagens híbridas da produção acadêmica sobre as culturas africanas tanto quanto sobre o negro no Brasil, caso eles não venham a ser retomados através das suas expressões de materialidade próprias e individuais. PALAVRAS-CHAVE: Coleções etnográficas. Estilística (escultura africana). Estudos africanistas. Museus (Brasil).Views on African art in Brazil: lightings in the track of the hidden's authorship of the Afro-Brazilian objects in museums ABSTRACT: In examining objects preserved in collections related of ancients Candomble's Terreiros, Marianno Carneiro da Cunha finded out and profiled a Nago-Yoruba aesthetic tradition created in Brazil that have been considered as one of the first form of Afro-Brazilian Art, or a continuation of African Art in Brazil. We expanded the schollar's established sampling rooted in this tradition in gathering a new corpus presented in this article, in trying to set potentialities of the stylistic analysis that he used and introduced in Brazil as a methodological procedure employed in the study of material culture of African origin. The obtained data reveal that these objects, far beyond from what they originally represent, can constitute merely an emblematic visual repertoire of the hybrid approaches adopted in the Brazilian academic production on the Black in
RESUMO: Procuramos aqui discutir algumas idéias e conceitos correntes na abordagem de máscaras africanas em catálogos e exposições. Fora de seu contexto de origem, e integradas no universo das coleções, o que significam "máscaras-antílope", "máscaras representando um ser mítico"? Como podería mos, em poucas palavras, explicar o que é "máscara ancestral"? Refletindo sobre isso numa perspectiva estético-antropológica, e na de quem as vê pela primeira vez, apresentamos vinte máscaras de madeira provenientes da África do acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, inéditas em sua grande maioria.UNITERMOS: Arte africana: estilística -Arte africana: tipologia -Antro pologia -Escultura -Estética -Etnografia africana -História da arte -Másca ras: etnografia -Museus: coleções africanas.Fora de seu contexto de origem, e integradas no universo das coleções, o que nos transmitem as máscaras africanas? O que significam "máscaras-antílope", "máscaras representando um ser míti co"? Como poderíamos, em poucas palavras, ex plicar o que é "máscara ancestral"? Nossas consi derações são feitas sob duas óticas: a de quem observa e a de quem pesquisa; esta, se fragilizada pela falta da observação empírica, é fortalecida pela presença do imaginário, uma tentando amparar a outra, corrigindo distorções provocadas pela unilateralidade -seja ela mais à estética, ou mais à antropologia.No MAE estão inventoriadas cerca de cin qüenta máscaras africanas em madeira. Provêm de sociedades repartidas pelas divisas coloniais, que hoje se encontram em nove países da África oci dental (cf. mais sobre a Coleção e sua procedência em Salum & Cerávolo 1993). Selecionamos vinte delas para serem aqui apresentadas. Ainda que sem 233
Neste artigo apresentamos considerações sobre o uso da iconografia etnológica na abordagem da cultura material da África, a partir de pesquisas que temos realizado sobre as coleções museológicas do MAE/USP e Museu Paraense Emílio Goeldi-MPEG/MTCI. Tais considerações emergiram diante de certos objetos africanos relacionados a contextos negro-africanos no Brasil, mas concernem especialmente a estudos sobre formas e grafismos típicos das artes de sociedades de línguas bantu da África central, do final do século XIX à metade do século XX. Apontamos para a prudência com que essa iconografia, grafismos e formas devem ser tratados quando de sua aplicação como fonte de pesquisa.
As contas de vidro estão significativamente presentes nos registros arqueológicos de origem histórica, principalmente em sítios de contato ou relacionados à diaspora africana no Brasil, EUA e Caribe. Esses objetos eram produzidos na Europa e faziam parte de uma rede comercial internacional que as destribuiam através das rotas mercantilistas da época, alcançando as colonias americanas. Destacamos o potencial das coleções de etnologia africana (MAE/USP) para estas pesquisas, possibilitando análises e correlações através da comparação destas contas arqueológicas com as contas de vidro africanas ou de origens históricas dos candomblés do Brasil e que fazem parte do acervo etnográfico do museu.
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