A pesquisa que deu origem a este artigo objetivou analisar a representação de ciência disseminada pela pedagogia cultural posta em operação na obra Viagem ao centro da Terra, de Jules Verne. Essa obra aborda uma expedição, cheia de referências científicas, históricas e culturais, na qual o renomado professor Otto Lidenbrock e seu sobrinho Axel se enveredam até as entranhas do globo terrestre. Como aporte teórico-metodológico, tomamos como referência, em especial, proposições de Hall, Veiga-Neto, Andrade, Costa, Camozzato e Moura. Ademais, para analisar o material empírico, buscamos inspiração na produção foucaultiana sobre discurso e nas discussões a respeito da natureza da ciência realizadas por Peduzzi e Raicik. Os enunciados recorrentes presentes ao longo da narrativa, que propiciaram identificar como a ciência é representada na obra, foram organizados a partir de três perguntas: “O que é ciência?”, “Como se faz ciência?” e “Quem faz ciência?”. No que se refere à primeira pergunta, percebemos a existência dos enunciados a) a ciência é uma construção coletiva, b) a ciência é uma forma de se obter reconhecimento social e c) a ciência é produtora de verdades absolutas e imutáveis. No tocante à segunda pergunta, os enunciados recorrentes foram os seguintes: a) existe interesse pessoal e competição no fazer científico, b) a ciência parte de questionamentos e hipóteses e c) a ciência é posta à prova por meio da experimentação. No que concerne à terceira pergunta, identificamos os enunciados a) a ciência é executada por homens com características específicas e b) a ciência é realizada por sujeitos com personalidade egocêntrica. A partir da análise empreendida, concluímos que esses enunciados disseminam ensinamentos que nos orientam a compreender a ciência de uma determinada forma. E, partindo das discussões a respeito da natureza da ciência, ainda que exista enunciados bastante problemáticos na obra, é possível dizer que essa forma guarda algumas relações com as concepções contemporâneas a respeito do tema, mesmo que o livro tenha sido publicado pela primeira vez no ano de 1864.

No intuito de examinar a pedagogia colocada em operação por organizações sociais no nicho da formação docente, investigamos o funcionamento de instituições que a implementam. Para tanto, analisamos materiais disponíveis na Internet sobre as organizações, buscando inspiração teórico-metodológica na produção foucaultiana sobre discurso. Afora contribuir nesse sentido, Foucault foi tomado como referencial teórico junto a autores como Camozzato, Gadelha e Sibilia. Os resultados indicam que as organizações que colocam a pedagogia examinada em operação possuem forma de atuação semelhante, bem como compartilham uma quantidade significativa de posicionamentos relacionados a preceitos neoliberais.

Resumo Este artigo apresenta e discute resultados de uma pesquisa que objetivou examinar a pedagogia efetivada por organizações da sociedade civil sem fins lucrativos no nicho da formação docente e os possíveis efeitos de verdade que ela pretende disseminar. Seu corpus empírico reuniu documentos tanto sobre o funcionamento dessas instituições quanto relacionados às estratégias de implementação de tal pedagogia. A inspiração teórico-metodológica adveio da produção foucaultiana sobre discurso e dos estudos sobre pedagogias. A tese defendida é a de que as organizações investigadas efetivam uma pedagogia híbrida que produz sua própria necessidade e opera no intuito de efetivar aprendizagens por meio de processos cíclicos que têm como ponto de partida (e de chegada) modelos pré-estabelecidos. Ademais, compõe a tese a proposição de que a pedagogia analisada, ao disseminar aprendizagens relacionadas a preceitos da lógica neoliberal, seria uma das formas de fazer o neoliberalismo funcionar “dentro de nós”.

Resumo Este artigo apresenta e discute resultados de uma pesquisa que objetivou examinar a pedagogia efetivada por organizações da sociedade civil sem fins lucrativos no nicho da formação docente e os possíveis efeitos de verdade que ela pretende disseminar. Seu corpus empírico reuniu documentos tanto sobre o funcionamento dessas instituições quanto relacionados às estratégias de implementação de tal pedagogia. A inspiração teórico-metodológica adveio da produção foucaultiana sobre discurso e dos estudos sobre pedagogias. A tese defendida é a de que as organizações investigadas efetivam uma pedagogia híbrida que produz sua própria necessidade e opera no intuito de efetivar aprendizagens por meio de processos cíclicos que têm como ponto de partida (e de chegada) modelos pré-estabelecidos. Ademais, compõe a tese a proposição de que a pedagogia analisada, ao disseminar aprendizagens relacionadas a preceitos da lógica neoliberal, seria uma das formas de fazer o neoliberalismo funcionar “dentro de nós”.

Este artigo é resultado de uma pesquisa que objetivou avaliar o uso das réguas numéricas como material manipulativo para ensinar-aprender os fatos básicos da adição. No intuito de alcançá-lo, foi planejada e implementada uma sequência didática no 1º ano do ensino fundamental de uma escola municipal de Santa Catarina. Em seu transcorrer, as réguas numéricas foram apresentadas, manipuladas e utilizadas como suporte em diferentes situações envolvendo os fatos básicos da adição. Isso permitiu identificar potencialidades e limitações do material no caso do processo de ensino e aprendizagem desse objeto de conhecimento. No tocante às potencialidades, salientamos a satisfação dos estudantes durante as atividades, a superação das dificuldades em relação ao reconhecimento dos números do 1 ao 10, a facilidade em identificar as parcelas presentes nos fatos básicos e a melhora significativa no desempenho das crianças ao construi-los e utilizá-los em procedimentos para resolver problemas. Em relação às limitações, destacamos o preço, a dificuldade inicial dos estudantes identificarem que o quadrado em que o número é registrado também faz parte da quantidade total da régua numérica, o tamanho reduzido das peças para demonstrações coletivas e o fato das réguas do 6 e 9 não terem nenhuma marcação para diferenciar esses números. A partir da análise, é possível dizer que as limitações do material tornam-se ínfimas comparando-as às potencialidades identificadas em seu uso. Portanto, concluímos que as réguas numéricas podem ser consideradas uma boa opção de material manipulativo para ser utilizado no processo de ensino e aprendizagem dos fatos básicos da adição.