Objetivo : investigar o uso do discurso reportado direto por uma pessoa com afasia ao construir uma narrativa sobre acidente vascular cerebral (AVC).Métodos : assumindo uma perspectiva qualitativa de análise, que se fundamenta em abordagens interacionais em linguística, e utilizando o método de geração de dados denominado grupo focal, busca-se compreender a estruturação da narrativa da participante deste estudo, que consiste em uma pessoa que apresenta afasia, construída ao longo da conversa que emergiu em uma interação face a face em grupo gravada em vídeo e transcrita para investigação.Resultados : a análise dos dados revelou que i) o fato de a narradora apresentar afasia não a impossibilitou de construir uma narrativa que apresentasse todos os elementos estruturais de narrativas canônicas, e ii) o uso do discurso reportado direto, mesmo funcionando como uma estratégia para lidar com o déficit linguístico, garantindo a inteligibilidade da narrativa, criou esperados efeitos na narração (envolvimento, validação, autenticação, entre outros). Além disso, tal análise nos permite advogar que pessoas com afasia, não obstante o comprometimento linguístico que apresentam, podem se valer de estratégias adaptativas para construir narrativas de modo habilidoso, cumprindo com as funções referencial e avaliativa das narrativas.Conclusões : este estudo propicia uma interface entre as ciências da saúde e as ciências humanas, mais especificamente entre a Fonoaudiologia e a Linguística. Os resultados das investigações são considerados inovadores e relevantes, uma vez que convida o leitor a repensar a tese de que pessoas com afasia são incompetentes em suas práticas com (e através de) a linguagem.
O objetivo deste trabalho é verificar se a organização da preferência nas conversas, focalizando a preferência por discordância em casos de auto-depreciação, apresentaria-se conforme a descrição de Pomerantz publicada em 1984 sob o título "Concordando e discordando de avaliações: algumas características dos formatos de turno preferidos/despreferidos". Com tal intuito, foram analisadas conversas gravadas em audio e video, envolvendo pessoas com afasia, segundo a perspectiva da Análise da Conversa Etnometodológica. As análises realizadas neste estudo corroboram a tese de Pomerantz sobre a preferência por discordância em casos de auto-depreciação, chamando a atenção para o fato de que a proposta de organização da preferência da autora também procede em conversas que envolvem pessoas com afasia.
ResumoEste estudo objetiva investigar os benefícios interacionais do uso do discurso reportado direto por uma pessoa com afasia, fundamentandose em abordagens interacionais em linguística (TANNEN, 1989;SCHELY-NEWMAN, 2009) e afasia (HENGST et al., 2005;WILKINSON et al., 2010). Para tal, é realizada uma análise qualitativa e interpretativista em dados de fala extraídos de um corpus de gravações em vídeo de interações face a face entre pessoas com e sem afasia, transcritas de acordo com as convenções de transcrição propostas pelos analistas da conversa. A análise dos dados de fala revela: construção de enunciados inteligíveis, turnos sem atraso e narrativas; inclusão da fala de personagens ausentes na interação; polidez e gerenciamento da comunicação. Conclui-se que tais benefícios interacionais poderiam não ser alcançados sem o uso do discurso reportado direto devido às limitações impostas pela afasia.
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