O intuito deste artigo é adentrar numa investigação que considere os modos indígenas de viver e habitar n/a T/terra. Para tal, situo-me etnograficamente entre a constituição de lugares djeoromitxi (língua Macro-Jê, habitantes da Amazônia meridional) e sua história de invasão territorial, mortes por epidemias e deslocamento forçado. Os movimentos de fundação e re-fundação de aldeias, pós-hecatombe, envolvem relações intra-humanas e transespecíficas com seres - espíritos Donos de animais de caça, peixes, árvores, parentes mortos e espíritos malignos. A etnografia dos lugares djeoromitxi aponta para uma certa integralidade de terreno entre parentesco, política (chefia) e território. Essa integralida- de contém uma reflexão indígena sobre os não-indígenas.
Este dossiê R@U, dedicado a refletir sobre diferentes concepções e perspectivas das/ sobre as T/terras, começou a ser concebido durante o 1° Seminário de Antropologias da T/terra, intitulado "Contra-antropologias da T/terra: incursões etnográficas e controvérsias públicas", ocorrido entre os dias 17 e 19 de agosto de 2016, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília. Aquele seminário reuniu pesquisas que apontavam para a diversidade e a originalidade dos modos indígenas de viver e ocupar a T/terra, de um lado, e a dificuldade em se abrir espaço no ordenamento jurídico contemporâneo e/ou em nossas ontologias majoritárias aos conceitos de T/terra implicados nas vidas daqueles coletivos. Alguns dos trabalhos apresentados e debatidos naquela ocasião compõem este dossiê.
Este artigo apresenta um modelo do sistema de parentesco djeoromitxi, povo de língua Macro-Gê habitante do sudoeste amazônico (Terra Indígena Rio Guaporé/Rondônia). Sua descrição incluirá a terminologia, que será relacionada a um tipo de cruzamento e aliança, na medida em que essa terminologia codifica os cônjuges que são preferenciais (aos quais se aplica o termo wirá), mas não correspondem aos primos cruzados. Veremos, assim, que tipo de cruzamento é concernente ao modelo djeoromitxi de parentesco, e quais são as características de seu sistema de aliança.
Resumo Este artigo analisa os termos de parentesco nas cinco línguas do ramo Tuparí, da família linguística Tupí, em duas abordagens distintas. Inicialmente, o artigo apresenta uma comparação das terminologias de parentesco das línguas Tuparí e reconstrói correlatos no Proto-Tuparí para as principais categorias de parentes consanguíneos e afins. As cinco línguas Tuparí apresentam termos claramente cognatos e reconstruíveis para a protolíngua para as diversas posições de parentesco: avós (FF, FM, MF, MM), pais (M, F), tios (MZ, MB, FZ), irmãos (B, Z), primos (FBS, FBD), filhos (S, D), sobrinhos (BS, BD, ZD, ZS), netos (SS, SD, DS, DD) e afins (W, H, DH). A partir da comparação das terminologias de parentesco nas línguas Tuparí, o artigo discute aspectos da terminologia do sistema de parentesco Tuparí, procurando situá-lo no contexto da teoria amazônica do parentesco pós-1990, tendo como base as representações terminológicas das línguas individuais e as reconstruções postuladas para Proto-Tuparí.
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