Este ensaio tem como proposta pensar o percurso de uma disciplina curricular do curso de Pedagogia - de uma universidade pública do Rio de Janeiro - e, oferecida no período pandêmico. Tal reflexão surge pelo fato de as aulas terem acontecido - exclusivamente - no contexto on-line, com o uso das audiovisualidades (KILPP, 2018) para produzir aulas com conexões de afeto, mesmo em tempos que resvalam o capitalismo e as noções opressoras no campo da governabilidade. O propósito é problematizar a produção performativa na formação de professoras, considerando que as prescrições têm que ser praticadas pelas discentes, em suas articulações com os processos curriculares, e, que as aprendizagens se forjam num cotidiano que é vivido e experimentado. Tais processos, que se realizam principalmente na relação docentediscente (ALVES; FERRAÇO, SOARES, 2019), criam relações com o mundo que se modificam permanentemente, produzindo diferença, sendo, o audiovisual, um disparador das convivências estabelecidas. Conforme a tendência conhecida como “pesquisas nos/dos/com os cotidianos”, na qual o ensaio se insere, assumimos que as inventividades das discentes, com os usos das audiovisualidades, impulsionaram a autoria na/com a formação. Assim, os vínculos construídos, mesmo que num percurso on-line, alavancaram a desconstrução nas relações docentediscente, produzindo subjetividades que extrapolam as expectativas sociais sobre a atuação na sala de aula. Como pressuposto, esse ensaio pensa a formação entendendo-a como a experiência dos vaga-lumes (DIDI-HURBEMAN, 2011), que, embora sejam tecidas na contingência das normas estabelecidas, transbordam as fronteiras do instituído como uma sobrevivência num momento tão duro da vida.