A reconfiguração do espaço público com a crescente participação religiosa trouxe de volta à discussão acadêmica a temática da secularização e o caráter religioso ou/e secular do estado e da sociedade brasileiros. A validade e os limites do emprego desse conceito ganharam mais relevância nos últimos tempos também nos fóruns internacionais por motivos próximos aos que se apresentam atualmente no Brasil, a saber, novas formas de presença religiosa e o entrelaçamento cada vez mais intenso e visível desta com causas relacionadas à política, ao pluralismo religioso e a emergência de demandas identitárias.No caso do Brasil, as perguntas e questionamentos mais recentes estiveram associados à perplexidade que se seguiu à perda progressiva da hegemonia católica e ao advento das novas igrejas pentecostais. O caráter co-extensivo do catolicismo à nação, a temática do pluralismo religioso, da tolerância e também das relações entre religião e estado se impuseram em novos termos e provocaram muitos questionamentos, a partir, sobretudo, dos anos 90. Os debates antropológicos direcionados aos estudos sobre o pentecostalismo e suas manifestações políticas, midiáticas e rituais, viram-se assim interpelados pela temática que, originalmente, concernia basicamente os sociólogos, para quem o conceito de modernidade associado à secularização foi conceitualmente instituído como um pilar fundador.
interesse aqui é analisar como esse universo social de morte e violência submete-se a uma leitura evangélica promovida pela igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias.Lembramos que a violência foi construída como um problema urbano complexo há pouco mais de duas décadas, construção que envolve uma série de pesquisadores e situações a respeito das quais não trataremos aqui.1 É importante considerar, porém, que as interpretações e significados atribuídos à violência durante este período geralmente tiveram atores religiosos como protagonistas.O vídeo baseia-se na concepção religiosa da ADUD a respeito de territórios à margem e da relação da população com a criminalidade. A narrativa enfatiza uma ação específica, qual seja, o ato de salvar alguém de uma morte certa, sugerindo dramaticamente ao espectador os vários sentidos que este resgate salvador engloba. De fato, seus sentidos não se atêm somente ao plano propriamente religioso,
IntroduçãoFoi assistindo a um de seus vídeos postados no youtube que o pastor Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD), despertou a nossa atenção. O vídeo trata de um assunto candente que facilmente ocupa as primeiras pági-nas de jornais populares: uma expedição de resgate de um jovem ameaçado de execução pelo chamado tribunal do tráfico, isto é, um grupo de traficantes de drogas que castiga e/ou mata supostos traidores em lugares da periferia sob seu "controle". Nosso * A primeira versão deste texto foi apresentada no Seminário "Deus, diabo e outras pessoas: reflexões sobre o cristianismo na floresta e na cidade", organizado por Aparecida Vilaça, em 2010 no Museu Nacional. Agradecemos à organizadora e a todos os colegas presentes pelos seus comentários e sugestões.
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