Este artigo teve o objetivo de discutir a temática da violência contra a mulher nas festas universitárias, a partir das ações de um projeto de extensão. Participaram acadêmicas de uma universidade estadual e outros participantes de festas universitárias. A perspectiva teórico-metodológica sustentou-se na articulação entre as perspectivas dos Direitos Humanos, da Redução de Danos e dos Estudos de Gênero. A metodologia organizou-se em capacitação da equipe; divulgação do projeto; realização de grupos com estudantes que frequentam as festas; intervenções em festas universitárias. Os resultados apontam para sensibilização dos atores da comunidade acadêmica no que se refere ao comprometimento ético-político em relação à temática da violência contra mulher nas festas universitárias, bem como reflexão das acadêmicas sobre a questão dos direitos e da autonomia do corpo da mulher na universidade, além da criação de estratégias coletivas de prevenção.
A universidade é significada como um ambiente crítico e seguro, todavia, recentemente tem-se denunciado diversos tipos de violências ocorridas nesse ambiente. A partir dessa premissa foi desenvolvido o projeto de extensão: “Combate à violência e Redução de Danos: autonomia e dimensão pública-política do corpo da mulher no cenário acadêmico”, que promoveu intervenções em festas universitárias. Por meio de observação participante e diário de campo, as intervenções foram tomadas como objeto de análise. Sendo assim, objetivou-se analisar a discursivização do corpo da mulher no cenário das festas universitárias, a fim de compreender os efeitos produzidos a partir das intervenções. As análises partem das noções de corpo público e político (BUTLER, 2017; BEAUVOIR, 1960) e trazem como resultado o efeito da presença do corpo feminino nas festas: corpo marcado pela possibilidade da violência, mas também da resistência, subvertendo a lógica de dominação dos corpos imposta pelo patriarcado.
O objetivo de nosso trabalho foi cartografar experiências sapatão na cidade. Trata-se de uma pesquisa inserida no campo de estudos do gênero e das interseccionalidades. Nos interessou conhecer, especialmente, de que maneira os corpos-sapatão foram e são constituídos em meio a processos institucionais e como se localizam em meio às forças em relação. Os dados foram produzidos e analisados com base no método cartográfico, a partir da ferramenta de um caderno itinerante que circulou entre as 5 participantes-narradoras. Para a composição do diagrama teórico-analítico, utilizamos da performatividade, precariedade e aliança em Butler, da noção de encontro como aquilo que produziu as narrativas e da cidade como território existencial. As linhas de análise aparecem intituladas como Foi difícil escrever, tive que me conectar com a K. de 1990; Quem lhes solicita para estar atente a estas palavras não é uma mulher, mas sim uma sapatã; Aprendi com meu avô que a saliva tem mais poder que a pólvora; Corpo é cidade, muda mas permanece mesmo com toda a mudança e Por um ethos sapatão-cartográfico de condução da escuta. Encontramos, em nosso trabalho, modos plurais de corpos-sapatão experimentarem as cidades, a partir de um acompanhamento de processos possibilitado pelo exercício das escritas de si.
Talvez do mundo só reste um terreno baldio coberto de imundícies e o jardim suspenso do paço imperial do Grande Khan. São nossas pálpebras que os separam, mas não se sabe qual está dentro e qual está fora (CALVINO 1990a, p. 96).São infindos os humores e as faceirices dessas cidades, agenciadas à moda de um efeito-cidade-em-nós, no plano de composição das narrativas 1 que se seguem! 2 a) "Pereringombola" (SELLI; AXT, 2014), 3 por exemplo, deve seu nome à confluência do rio Pererin com o lago Gombola, componentes da bacia hidrográfica que define a geografia da região; é uma cidade de sons, cheia de personalidade, na qual a paisagem sonora combina-se com a ecologia ambiental, dando lugar de destaque às ár-vores -os plátanos; estes, por sua vez, detêm o segredo da energia (alternativa), captada através das suas folhas e distribuídas por antenas (como as de celulares). É por isso que nessa cidade não há outono, apenas verão, inverno e primavera! Os moradores dificilmente adoecem, pois praticam uma alimentação balanceada; e a água é captada diretamente do rio, que até mesmo tem valor medicinal, uma vez que os cuidados com a preservação do ambiente o protegem da poluição. Se alguém entender que está na hora de morrer por estar muito velho, pode "virar outra coisa": flor, borboleta, árvore, "dando conta de uma experimentação do pensamento em torno de valores vitais, derivada não apenas de um posicionamento ético de responsabilidade ambiental e de ternura com o outro, mas mais uma vez, de uma cosmovisão poético-estética de constituição existencial" (SELLI; AXT, 2014, p. 238); uma cidade altamente tecnologizada, mas em que o "modo formiga" 3 Pelas características de resgate de uma história de pesquisa e formação, de que se reveste este texto, muitas referências serão feitas às publicações do grupo, em vista do trabalho conceitual, laborado em sua artesania, que acompanhou a duração do Projeto Civitas, no tempo. Costa (2014, p. 551), quando afirma que a narrativa se produz enquanto uma estratégia que acolhe elementos de experiência os quais fazem parte da constituição do campo de pesquisa e/ou intervenção: sensações, afetos, experiências singulares, possibilidades nebulosas, tensões incoerentes, etc. Para o autor esta nuvem virtual de sutilezas sustenta a concretude dos nossos encontros com o mundo, abrindo passagem para polí-ticas de hibridização entre as ciências e as artes na produção de conhecimento. 2 As composições narrativas que seguem foram produzidas livremente por nós enquanto efeito de nossas escutas, num encontro (est)ético com cidades construídas por crianças e por elas narradas em suas escritas, no Ensino Fundamental (3ª séries e 4º e 5º anos), de escolas públicas municipais no interior do RGS, conveniadas com o Projeto Civitas, e das quais tomamos ciência através de visitas locais às salas de aula e da leitura dessas narrativas; e também através de relatos feitos por pesquisadores-formadores e por professores dessas escolas, onde a proposta de pesquisa-formação do Projeto Civitas se desenvolve/u, citados no...
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