As Unidades de Conservação foram criadas de uma maneira antidemocrática, incorporando em suas áreas o território de comunidades tradicionais. O cerceamento de atividades tradicionais, como agricultura e extrativismo, levou tais comunidades a desenvolver atividades e serviços voltados ao turismo. O objetivo deste artigo foi avaliar as possibilidades de desenvolvimento e gestão de um turismo de base comunitária na Vila de Barra do Una, inserida na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una (RDSBU), analisando os conflitos e impactos socioculturais ocasionados pelas atividades de turismo. O método utilizado foi o etnográfico, baseado em uma descrição densa, na observação participante e em entrevistas com atores-chaves: líderes da comunidade, gestores da unidade de conservação e veranistas. Os resultados apresentam pontos positivos e negativos na comunidade para o desenvolvimento do turismo de base comunitária ante sua organização interna e na relação com os atores externos, notadamente a gestão da unidade de conservação.
Transcrição de entrevistas Os nomes dos entrevistados foram omitidos. Entrevista com casal de moradores proprietários de uma pousada, camping e restaurante. Queria que vocês fizessem uma apresentação, assim, inicial, nome e o que vocês fazem na Barra do Una? Marido: O meu nome é... Sou daqui mesmo da região. Nasci aqui em Itanhaém, sempre morei aqui no litoral. Morei um tempo fora, mas um tempo aqui mesmo na região. Sinto assim caiçara não, é? E já tenho quarenta e oito ano de idade. Minha profissão é vigilante, mas agora eu não to exercendo a função. E trabalha aqui? Marido: Sim aqui na reserva. E trabalha aqui também no empreendimento? Marido: Ah, sim eu ajudo, direto, nas minhas folgas. Inclusive, até bom citar isso, a área da vigilância foi desativada. Pode falar. Marido: O motivo. O novo gestor que entrou lá em cima, entendeu? Gestor da onde? Marido: Da Fundação. O Roberto? Marido: Outro. É. Não to lembrado o nome dele, daqui há pouco eu lembro e eu te falo. Tudo bem, se não lembrar, você pode me falar depois. Marido: Essa pessoa cortou um monte de vigilante, entendeu? Inclusive tem eu e tem mais aí umas vinte pessoas desempregadas. Todo mundo que trabalhava de vigilante aqui na área ficou desempregada por causa dessa pessoa. Segundo diz ele é pra reduzir gastos. E uma coisa que seria importante, porque o vigilante, se você perguntar para 2 todos os guarda-parque, eles vão dizer que o vigilante ajudava muito na conservação da mata atlântica, na invasão de palmiteiro, essas coisas. Hoje em dia eles estão sozinho. Hoje em dia eles estão sozinho, eles não podem andar armado. Nós trabalhava armado. Então, dava uma força aí nessas área. Hoje em dia tá todo mundo desempregado que... Cortou. Cortou todo mundo e diz que pra reduzir gasto. Agora a gente não. Inclusive os guarda-parque não acha interessante isso. É interessante você falar tudo isso daí, porque faz sentido, tem haver. Marido: Tá tudo descoberto, hoje se você conhece aqui Parnapoa, Juquiá, aqui a Barra do Una. Aqui mesmo a Cachoeira do Paraíso. Tudo este trechos aí tá descoberto. Sem vigilante, a reserva tá a Deus dará. Agora, eu não sei que tipo de conservação eles querem fazer, sem ter ninguém pra proteger, pra orientar né, os turista, que era nosso trabalho. Nós trabalhava muito com turista. É uma coisa que seria legal até mesmo... Eu ainda lembro o nome do rapaz pra falar pra você. Se você não lembrar, você pode, recordar, eu anoto depois. Anoto no caderno, pra deixar exatamente o que você quer falar. Marido: Eu faço isso com certeza, pra deixar o que você quer falar exatamente. Porque os guarda-parque são muito poucos, pra o tamanho que tem nossa reserva. É muito pouco guarda-parque, eles não dão conta de tomar conta de tudo. Então foi quando entrou a terceirizada. No começo entrou uma terceirizada. No começo entrou uma firma boa que ficou de quatro anos de contrato, a "Treze Paulista" de São Miguel Paulista de São Paulo. Ficou quatro anos, depois as outras que veio, é só contratinho de um ano, oito meses, e não é o suficiente, principalmente no ve...
Em São Paulo é possível observar grupos que pleiteiam direitos por meio de ocupações de espaços públicos. No ano de 2020 a cidade (e todo contexto planetário) viveram a incidência da pandemia da COVID-19, a qual provocou uma crise sanitária sem precedentes afetando também profundamente o espaço público e as atividades de turismo. Neste sentido, e diante deste contexto, esta pesquisa objetiva analisar as narrativas construídas por movimentos sociais, coletivos e ativistas a respeito da cidade, e como estes grupos têm agenciado o turismo em seus discursos e práticas. Esta pesquisa se estrutura como um trabalho exploratório, descritivo e interpretativo com base em referencial teórico e metodológico da antropologia urbana. Por meio de incursões etnográficas têm possibilitado compreender a complexa articulação de ativistas, coletivos e movimentos sociais e como estes têm agido em relação a muitas atividades, entre tantas, o turismo. Mediante a muitos encontros destes grupos sociais e toda sua construção dialógica de saberes sobre a cidade e o turismo, tendo em vista também suas influências históricas de movimentos sociais em seus territórios, percebe-se a existência de uma multiplicidade de ideias, práticas e projetos, produzindo percepções distintas sobre a atividade de turismo na cidade.
Introdução 1 O Projeto Centralidades tem entre seus objetivos aprofundar o tema a partir do diálogo entre pesquisadores do campo da antropologia urbana e da arquitetura e urbanismo, elegendo duas grandes cidades metropolitanas: São Paulo e Lima. Santo André inicialmente não fazia parte da escolha territorial desses trabalhos, mas boas convergências levaram à inclusão desse recorte, o que certamente enriqueceu a experiência e análise dos estudos. 2Inserido na Região Metropolitana de São Paulo -RMSP, o município de Santo André integra a sub-região metropolitana sudeste, mais conhecida como a ABC paulista. Composta por sete municípios, a região possui população total superior a 2,6 milhões de habitantes heterogeneamente distribuídos em uma área de 828 km² (SEADE, 2015), considerado o centro econômico mais dinâmico, não somente da Região Metropolitana de São Paulo, mas de todo o país (Figura. 1). Santo André, por sua vez, faz limite com a capital paulistana, abrangendo uma área de 175,78 km², possui 694.981 e densidade demográfica igual a 3.951,99 hab/km² (SEADE, 2021).Entre ruas e vielas: breves olhares pelo centro de Santo André
Foram muitas as pessoas que me apoiaram e ajudaram. Posso correr o risco de esquecer algum nome que tenha dado ao menos uma ajuda simples. Mas, vamos direto ao ponto! Agradeço, em primeiro lugar a minha companheira de tudo na vida, Ana Paula Vieira Freire, na militância, nas festas, nas discussões teóricas, no gás lacrimogênio na Avenida Paulista, muitas lutas e comemorações. Minha mãe Antônia e pai Francisco, enfim, acredito que consegui completar essa carreira com muita luta, e sem o apoio colossal de vocês, não seria possível, obrigado por tudo. Minha irmã Diane, sogra Sueli, sogro Antônio Carlos, cunhado querido, Ricardo. Obrigado! Esta pesquisa não existiria sem os coletivos culturais e ativistas da Rede Paulista de Educação Patrimonial, a Agência Queixadas e o Grupo Ururay. Assim, vale um agradecimento especial à Regina,
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