Resumo O presente trabalho tem como objetivo analisar perfis sociais e padrões de carreira do corpo diplomático brasileiro, tendo como parâmetro de comparação e referência o artigo de Zairo B. Cheibub (1989). Em relação aos perfis, notam-se o aumento médio da idade de ingresso, mudança dos nascidos no Rio de Janeiro para São Paulo, sutil alteração em gênero e raça, crescente entrada de formados pela Universidade de São Paulo e a Universidade de Brasília, e a liderança relativa dos bacharéis em direito. Para os padrões na carreira se comparam os tempos de promoção médios à elite diplomática (segundos ministros e embaixadores) entre as categorias sociais e demais variáveis institucionais. Apenas as últimas se destacam e o tempo médio de promoção aumenta, em ambas as hierarquias, para aqueles que possuem mais de uma passagem por postos diplomáticos de classes B e C. Já os segundos ministros que foram nomeados para cargos de confiança (DAS) sugerem ter seus tempos de promoção à elite, em média, diminuídos. Ambas as parcelas do trabalho apontam que as manutenções do perfil e dos padrões de carreira superam as mudanças no MRE.
Como se desenham as trajetórias das carreiras dos diplomatas de elite do Ministério das Relações Exteriores (MRE)? Considerando que os trânsitos institucionais dos diplomatas brasileiros constituem peça central no funcionamento administrativo e político dessa burocracia, o presente artigo tem como objetivo responder a essa pergunta. Isso porque analisar essas dinâmicas colaboram tanto para entender um dos ministérios mais fechados do serviço civil público nacional, quanto avançam na construção de padrões da movimentação institucional dos atores que operam, sistematicamente e desde posições de comando, a política externa brasileira. Assim, a carreira da elite diplomática, composta por segundos ministros e embaixadores, e por mais de três décadas de carreira em média de carreira, é descrita em termos tanto das indicações para cargos de confiança na Secretaria de Estado (Sere), quanto nas passagens por postos diplomáticos no exterior, instituições nacionais e organismos internacionais. Os resultados apontam para um comportamento muito similar entre as duas hierarquias em que a maioria dos cargos de confiança na Sere são direcionados a posições de nível intermediário (DAS-4). As frequências majoritárias das trajetórias exógenas a Sere, se concentram em postos no exterior, de classes "A" e "C", seguidas por trânsitos em organismos internacionais e difusamente por instituições nacionais.Palavras-chave: diplomatas, Ministério das Relações Exteriores, carreira pública, elite burocrática, política externa.[Artigo recebido em 30 de junho de 2016. Aprovado em 23 de julho de 2019.]
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O artigo investiga os efeitos do recrutamento político, de entrada lateral e sem concurso, sobre as atitudes e as percepções dos burocratas que atuam em ministérios brasileiros, aplicando técnicas de matching . Parcela da literatura associa os modos de recrutamento ao comportamento burocrático, sugerindo que diferentes processos seletivos gerariam incentivos distintos ao desempenho das atividades dos burocratas. A expectativa de efeitos do tratamento político sobre atitudes e percepções dos atores de entrada lateral foi parcialmente confirmada em 12% dos tópicos avaliados. De um lado, o poder de ação do tratamento apresentou efeitos políticos específicos, principalmente de natureza relacional. De outro, os resultados relativizaram a clivagem entre burocracia e política, inferindo que há mais tons de cinza nessa relação do que sugere a hipótese de divisão estanque entre ambas
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