RESUMO: Esse artigo teve por objetivo analisar as relações entre a agricultura, a educação superior agrícola e a ditadura do movimento civil-militar de 1964 a 1985, tendo por foco a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), eleita em 2015 a quinta melhor escola de Ciências Agrícolas do mundo. Projetada em 1881 e inaugurada em 1901, ela é uma instituição orgânica do ruralismo brasileiro e foi fundamental para fomentar as políticas agrárias dos governos militares, proporcionando as bases para a criação do agronegócio no país. Com a intervenção do governo dos Estados Unidos e grossos investimentos estatais brasileiros, a ESALQ/USP forneceu conhecimentos científicos, educacionais e de extensão rural para o processo de modernização conservadora do campo, com o regime ditatorial implementando a produção agroindustrial a “ferro e fogo” e conservando as estruturas de origem colonial, como o latifúndio e a alta exploração dos trabalhadores rurais.
Este artigo analisa a história do Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz” (CALQ). Fundado em 1909, é a entidade representativa e independente dos estudantes da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Apesar de o CALQ ter sido fundando em 1909, diagnosticamos que as lutas do movimento estudantil são anteriores, originárias em 1901, mesmo ano da fundação da escola, originalmente projetada para ofertar o ensino secundário técnico e agrícola sob administração da Secretaria de Agricultura. Constatamos que, nesses 107 anos, essa entidade dos discentes foi repleta de contradições, pois a depender de suas gestões e suas relações com os determinantes econômicos, políticos ou culturais da sociedade brasileira, oscilou entre defender bandeiras “progressistas” ou “conservadoras”. A teoria e o método aplicado no estudo foi o materialismo histórico dialético, com o qual foram examinadas diversas fontes primárias e secundárias de arquivos municipais e estaduais.
O objetivo desta pesquisa foi discutir a docência e a educação no meio rural brasileiro à luz da História, evidenciando projetos antagônicos que disputaram a hegemonia educacional e produtiva no campo. Resultante das pesquisas de pós-doutorado, a análise é amparada na teoria e na metodologia materialista histórica dialética e está inserida na área de Fundamentosda Educação e de suas subáreas: “História da educação” e da “Educação do campo”. O principal resultado do estudo aponta um dualismo histórico e estrutural da Educação Agrícola brasileira, em que a classe dominante ruralista impôs dois projetos: de um lado, uma educação elitista mais teórica, gerencial e de capatazia destinada aos filhos dos fazendeiros e aos seus gerentes; e, de outro, uma educação mais prática, “proletária” e alienada aos trabalhadores “braçais” agrícolas, o que refletiu na formação de professores e nos sistemas educacionais. Hoje, o meio rural conta com uma inovação, a “educação do campo”, que propõe romper com esse dualismo histórico por meio de uma solução libertadora, a qual defende os interesses dos “povos da terra”; nessa perspectiva, os camponeses, os ribeirinhos, os caiçaras, os indígenas e os demais trabalhadores rurais são os protagonistas de seu futuro.
RESUMO Este artigo tem como objetivo analisar o convênio binacional entre Brasil e Estados Unidos na área rural no período ditatorial. Por meio de documentos históricos de Piracicaba (SP), se revelou os acordos entre a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e a Universidade Estadual de Ohio (OSU). O convênio fomentou a educação, a pesquisa e a extensão visando a modernização conservadora do meio rural brasileiro, quando essas estatais deram forma e estrutura ao contemporâneo agronegócio. A teoria e metodológica do estudo foi o materialismo histórico dialético.
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