ResumoFoi durante o reinado de D. José I que a atividade operística se estabeleceu de forma definitiva em solo luso-americano, quando diversos teatros permanentes foram construídos de norte a sul do vasto território português na América, na maioria dos casos, seguindo os parâmetros construtivos e administrativos já utilizados nos teatros da metrópole. Dentre os teatros construídos na América Portuguesa no século XVIII, destaca-se a Casa da Ópera de Vila Rica/Ouro Preto, sobretudo por ser o único exemplar que segue a tipologia dos teatros públicos portugueses setecentistas remanescente no mundo luso-brasileiro. Este artigo pretende traçar as origens da Casa da Ópera de Ouro Preto, esclarecendo alguns pontos em relação à administração do estabelecimento nos séculos XVIII e XIX, à arquitetura do edifício setecentista e às inovações introduzidas na década de sessenta do século XIX.
Palavras-chavesÓpera, teatro, João de Sousa Lisboa, arquitetura teatral.
O primeiro espaço permanente dedicado às representações teatrais em Portugal foi construído em finais do século XVI por Fernando Díaz de la Torre, espanhol residente em Lisboa. Ao longo do século seguinte, inúmeras companhias espanholas se apresentaram em Portugal, divulgando o amplo repertório seiscentista castelhano que influenciaria de forma inexorável o teatro produzido em terras lusas. Naturalmente, os edifícios teatrais de Lisboa seguiam a mesma tipologia dos corrales de comedias espanhóis. No que diz respeito à América Portuguesa, os primeiros registos de teatros públicos permanentes datam do início do século XVIII, e, segundo a documentação ainda preservada, não somente os edifícios apresentavam algumas características da arquitectura teatral desenvolvida na Península Ibérica nos séculos precedentes como também o repertorio castelhano parece ter sido amplamente difundido no ultramar português. O presente artigo pretende analisar alguns aspectos relativos à actividade teatral desenvolvida na América Portuguesa nas primeiras décadas do século XVIII, em especial, a arquitectura teatral empregada e o repertório representado nos dois teatros permanentes construídos durante o reinado de D. João V: o teatro do Rio de Janeiro e a primeira Casa da Ópera de Vila Rica.
Operatic and theatrical activity in the Portuguese kingdom, especially during the second half of the 18 th century, presents singular characteristics in comparison to other European countries, the presence of women on public stages being a notable example. In Portuguese America, construction of permanent opera houses effectively began from the 1760s onwards, 1 and they performed a repertoire very similar to that performed in public theatres in Portugal-composed of adaptations/translations to Portuguese of foreign dramas and comedies, where musical numbers were interspersed with declaimed dialogues. However, the entire theatrical establishment was adapted to the local conditions and resources available in the colony. This included the employment of local artists, the majority of whom were half-caste. This practice remained unaltered until the arrival of the Portuguese court in 1808.
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