O tema em discussão neste artigo faz referência ao açaí no contexto do território e da territorialidade ribeirinha na Amazônia brasileira. O grande questionamento, que está na centralidade da investigação, é desvelar de que forma o açaí atua como um elemento na formação do território e da territorialidade ribeirinha? Diante desta interrogativa, parte-se do princípio hipotético de que em torno da dinâmica do açaí se criam vínculos socioculturais e econômicos que caracterizam e identificam o território e a territorialidade ribeirinha, assim, o açaí se configura como um importante elemento de empoderamento. A pesquisa objetivou compreender de que forma o açaí se apresenta como referência do território ribeirinho e, por meio da apropriação da fruta, como se criam territorialidades. A investigação foi realizada no ano de 2019, na comunidade ribeirinha da Ilha de Ipanema, localizada no município de Afuá/PA. As análises procederam pela abordagem qualitativa, os dados foram coletados durante o trabalho de campo por meio de registros fotográficos, observações descritas em diário de campo e entrevistas/narrativas gravadas. Participaram do processo de investigação dez famílias ribeirinhas. As bases teórico-metodológicas que alicerçaram as reflexões, análises e interpretações foram fundamentadas em autores que discutem a questão do território e da territorialidade e aspectos socioculturais do açaí nos territórios amazônicos. Ao longo do trabalho se verificou que a dinâmica do açaí em comunidades ribeirinhas cria vínculos territoriais e de territorialidades, assim, estabelecem poder sobre o território, fortalecidos tanto pelos elementos materiais como imateriais produzidos e reproduzidos cotidianamente.