RESUMO -A mancha bacteriana é uma importante doença na cultura do maracujazeiro, responsável por perdas econômicas e pela redução da frutificação e do período de exploração comercial das plantas afetadas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos produtos químicos oxitetraciclina, fluazinam, mancozeb, oxicloreto de cobre e Acibenzolar-S-Metil (ASM), das formulações Fitoforce Cobre, Fitoforce Plus e dos extratos de folhas de Artocarpus heterophyllus e Morinda citrifolia sobre o crescimento in vitro de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae e sobre a severidade da mancha bacteriana do maracujazeiro em casa-de-vegetação. Nos ensaios in vitro, os tratamentos foram incorporados ao meio de cultura 523, em suas respectivas dosagens e as avaliações foram realizadas pela contagem do número de colônias do patógeno. Nos ensaios em casade-vegetação a aplicação dos tratamentos foi realizada 7 dias antes da inoculação de X. axonopodis pv. passiflorae para as formulações e extratos e 2 dias antes da inoculação para os produtos químicos. As avaliações de severidade da doença foram realizadas em intervalos de 48 horas. Os produtos oxitetraciclina, fluazinam, mancozeb, oxicloreto de cobre, Fitoforce Cobre e Fitoforce Plus inibiram totalmente o crescimento in vitro da bactéria. Em casa-de-vegetação, todos os tratamentos reduziram significativamente a severidade da mancha bacteriana com reduções entre 54 e 62%, com exceção do Fitoforce Plus que apresentou porcentagem de controle abaixo de 50%.Palavras chave: acibenzolar-S-metil, Passiflora edulis f. flavicarpa, Xanthomonas axonopodis pv. Passiflorae. PLANT EXTRACTS, COFFEE-LEAF EXTRACT FORMULATION AND CHEMICALS TO CONTROL PASSION FRUIT BACTERIAL SPOT
Figura 1. Folha de canela-da-índia com sintomas naturais de manchas foliares causadas por Colletotrichum gloeosporioides (A); conídios típicos do patógeno, observados ao microscópio óptico (B).A caneleira ou canela-da-índia (Cinnamomum zeylanicum) é uma pequena árvore originária do Ceilão, pertencente à família Lauraceae. Todas as partes da planta possuem utilidade e importância econômica. As folhas secas e a casca servem de condimento para mingaus e doces; das raízes se extrai a cânfora e as folhas são usadas em chás, extraindose delas, assim como das flores, óleos essenciais empregados na indústria de perfumaria. Apesar da grande importância dessa planta que há milênios é explorada e cujo cultivo na Amazônia é uma atividade bastante promissora, não são encontrados trabalhos dirigidos à descrição ou diagnose de microrganismos fitopatogênicos nesse cu ltivo. D urante inspeções de rotin a realizadas no Cam po Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, observou-se a presença de plantas de caneleira acometidas por lesões foliares cobrindo aproximadamente 60 % da área foliar. Os sintomas consistiam em grande quantidade de manchas de coloração pardo-escura ou preta, com centro mais claro, de contorno irregular, distribuídas pelo limbo foliar (Figura 1A). Amostras de folhas infectadas foram encaminhadas ao Laboratório de Fitopatologia da mesma Instituição para análise. Após as etapas rotineiras de limpeza e desinfestação dos tecidos, fragmentos da região de transição entre a lesão e os tecidos sadios foram transferidos para placas de Petri contendo o meio de cultura ágar-água e, em seguida, incubados a 26 ºC, sob alternância luminosa fornecida por lâmpadas fluorescentes (12h de claro/12h de escuro). As colônias formadas foram multiplicadas em meio BDA (Batata-Dextrose-Ágar). Após cinco dias do plaqueamento, observouse o crescimento micelial e a reprodução de conídios identificados como sendo do fungo Colletotrichum gloesporioides (Penzig) Saccardo (BAILEY, J.A.; JEGER, J.M. Colletotrichum: biology, pathology and control. Oxford: British Society for Plant Pathology, 1992. 388p.) (Figura 1B). Testes de patogenicidade foram realizados em folhas sadias destacadas, em condições de laboratório. Para tal, discos de micélio do fungo + meio de cultura foram depositados na parte adaxial e abaxial das folhas previamente feridas, acondicionando-se o material inoculado em bandejas forradas com papel toalha umedecido com água esterilizada. Estas foram, em seguida, envolvidas com saco plástico, para proceder-se à câmara úmida. Após cinco dias, as lesões apresentavam as mesmas características daquelas observadas inicialmente no campo. O reisolamento de C. gloesporioides confirmou o patógeno como o agente causal das lesões foliares encontradas nas plantas de canela-da-índia. Os fungos do gênero Colletotrichum são fitopatógenos importantes nas regiões tropicais e subtropicais de cultivo do mundo. Afetam espécies de grande importância econômica e social, causando a doença de maior importância em locais de alta umidade e pr...
Figura 1. Sintomas de antracnose em folhas de pau-rosa (A); conídios típicos de Colletotrichum gloeosporioides, observados ao microscópio óptico (B).Na região amazônica as florestas de terra firme apresentam alta diversidade de espécies arbóreas. O pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) é uma arvore de grande porte, podendo alcançar 30 m de altura e 2 m de diâmetro. Ela é encontrada no Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. No Brasil sua ocorrência vai desde o Amapá estendendo-se pelos estados do Pará e Amazonas. É uma espécie de terra firme que prefere as cabeceiras dos igarapés, em suas partes mais altas. Possui alto valor devido ao potencial econômico do óleo obtido por destilação das folhas, galhos, madeira e raízes, produto com grande demanda no mercado nacional e internacional em função do seu uso como fixador na indústria de perfumes. Sua exploração para extração deste fixador (linalol) atravessou décadas, o que acabou provocando queda populacional desta espécie. O corte indiscriminado das árvores causou drástica redução das populações naturais, fato que levou o IBAMA a incluí-la na lista de espécies ameaçadas de extinção. Em viveiro localizado em Ananindeua, PA, foram observadas manchas foliares necróticas em mudas de pau-rosa com dois meses de idade. As manchas se iniciavam nas bordas das folhas (Figura 1 -A) provocando, posteriormente, o secamento de todo o limbo foliar. Partes do tecido da região limítrofe entre sadio e necrosado foram retiradas e dispostas em placas de Petri contendo BDA, posteriormente foram incubadas a 26º C, com fotoperíodo de 12h. Após três dias, verificou-se a formação de colônias de coloração alaranjada. Observações ao microscópio óptico permitiram detectar a presença do fungo Colletotrichum gloesporioides (Penzig) Saccardo (BAILEY, J.A.; JEGER, J.M. Colletotrichum: biology, pathology and control. Oxford: British Society for Plant Pathology, 1992. 388p.) (Figura 1 -B). Testes de patogenicidade foram feitos em mudas sadias com dois meses de idade. Para tanto, ferimentos na superfície da folha foram efetuados, sobre os quais foram inoculados discos de cultura do fungo, com sete dias de idade. As mudas foram mantidas sob câmara úmida por 48h. Após sete dias da inoculação, os sintomas iniciais foram reproduzidos e o fungo novamente isolado, comprovando-se deste modo, a patogenicidade de C. gloeosporioides em pau-rosa. Umidade adequada, equilíbrio nutricional e remoção de folhas doentes são práticas fundamentais para conter a doença em condições de viveiro. Pulverizações preventivas com fungicidas cúpricos têm sido efetuadas por viveiristas que cultivam essa espécie. Este é o primeiro relato de Colletotrichum gloeosporioides causando lesões foliares em pau-rosa no Estado do Pará.
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