Resumo: Este artigo analisa a bela obra de Ruth Klüger, Paisagens da memória: autobiografia de uma sobrevivente do Holocausto, publicada no Brasil em 2005, escrita entre 1989 e 1991 e publicada na Alemanha em 1992.
Tente um dia ser mulher, judia e feia. Você vai acabar implorando para ser preto. Desculpe a nossa falha: pardo. Salman Rushdie Julgar a situação social com base apenas na posição econômica ou política é arriscado. A aceitação da etnicidade hifenizada por parte do grande público, no Brasil, permanece contestada, e os termos "árabe", "turco" e "japonês" continuam a ser aplicados a pessoas de ascendência não-européia, quer sejam eles ministros importantes ou proprietários da livraria do bairro. Jeffrey Lesser Samuel Rawet nasceu em um shtetl 2 na Polônia em 1929 e emigrou para o Brasil, com sua família, em 1936. Importa lembrar que a Polônia, desmembrada no final do século XVIII entre Rússia, Prússia e Áustria, somente voltou à condição de Estado independente no final de 1918, após a Primeira Guerra Mundial. Sua consolidação se deu em 1919, ao abrigo do Tratado de Versalhes, o que resultou no estabelecimento de uma situação que Ettinger explica nos seguintes termos:A conquista de independência política trouxe consigo uma irrupção de sentimentos nacionais entre as populações majoritárias dos novos Estados. O júbilo com a recém-obtida independência, o desejo de acertar contas com velhos "inimigos" e a falta de confiança na estabilidade das novas instituições levaram líderes dos partidos nacionalistas e o público em geral naqueles Estados a adotar uma atitude hostil em relação às minorias, para tentar reduzir sua influência e seu valor tanto quanto possível, forçando-as a se assimilarem ou a emigrarem (Ettinger, 1976, p. 953-954, tradução nossa).
A literatura no espelho: "ʺParábola do filho e da fábula"ʺ Literature in the mirror: "ʺParable of the son and of the Fable"ʺ Saul Kirschbaum* Resumo: Este artigo analisa o conto "Parábola do filho e da fábula", de Samuel Rawet. Adotando a forma "ʺparábola"ʺ, Rawet aponta para o texto bíblico como paradigma de sua construção literária, tematiza a própria literatura, questionando a possibilidade e a eficácia de seu uso para a transmissão de lições morais, enfoca a instrumentalização da literatura, a tendência usual de pô---la a serviço da transmissão de um determinado conjunto de lições morais e revela a relação entre ética e literatura.Palavras---chave: Bíblia. Ética. Samuel Rawet. Abstract: This article analyzes the short story "ʺParábola do filho e da fábula"ʺ by Samuel Rawet. Adopting the form "ʺparable"ʺ, Rawet points to the biblical text as a paradigm of his literary construction, he discusses literature itself, questioning the possibility and effectiveness of its use for the transmission of moral lessons, focuses on the instrumentalization of literature, the usual trend of putting it at the service of transmitting a particular set of moral lessons and reveals the relationship between ethics and literature. mais nem menos. ---A questão ---ponderou Alice ---é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes. ---A questão ---replicou Humpty Dumpty ---é saber quem é que manda. É só isso.Lewis Carrol Quando Samuel Rawet tinha apenas 3 anos de idade, seu pai, buscando uma saída para a situação econômica catastrófica a que os judeus da Europa oriental estavam submetidos, emigrou para o Brasil, atrás de oportunidades de sobrevivência. Como tantos outros judeus na mesma situação, deixou a família na Polônia, no intuito de aqui trabalhar e poupar o suficiente para trazer também a eles. De fato, em 1936, Samuel, sua mãe e seus irmãos fizeram a travessia que, por um lado, os livrou da barbárie nazista ---sua cidadezinha natal foi destruída na segunda guerra mundial ---mas, por outro, também os condenou à eterna condição de imigrantes. Samuel sentiu com mais intensidade essa condição; ao se decidir por escrever contos e novelas curtas, tornou---se uma espécie de porta---voz dos desterrados, dos deslocados, dos marginais. Não estou afirmando que sua vontade de ceder a voz aos oprimidos o trouxe para a literatura; mas apenas sugerindo que, chamado à literatura seja lá por qual processo, sua auto---imagem de imigrante o fez optar pela temática dos oprimidos. Formado em
By analyzing two of Moacyr Scliar’s novels, Cenas da vida minúscula [Scenes of a Minuscule Life] and A Majestade do Xingu [Xingu’s Magesty], this paper proposes a trajectory of risk and acknowledgment of the word of the other in permanent transit, for possibly affirming the Jewish imaginary, with the Amazon as background for highly inventive plots by the “gaucho” (from Rio Grande do Sul) writer. In both novels, there are powerful orchestrating voices, capable of producing labyrinthine dialogical excavations.1 Such voices refer to the production of several possibilities of affirming the assimilated voice of the other, evoking the projective force of devouring the literary perspective proposed. Understanding the assimilation of the word of the other becomes an essential instrument to contact the complexity of the formation and foundation of many ethnicities that intersected in Brazil.
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