Uma das missões das universidades brasileiras é propiciar, além das técnicas e da ciência, uma educação integral que valoriza e respeita o ser humano por completo considerando as diferenças raciais, culturais, históricas, identitárias, das classes sociais, de gêneros, entre outras. Uma das formas desta valorização pode ser feita por meio das atividades extrassala de aula, a exemplo dos eventos, que são realizados durante os vários anos, em média de quatro a cinco, em que os(as) estudantes passam na universidade. Desse modo, com foco na educação antirracista, o objetivo deste artigo é compreender a relevância dos eventos que tratam das questões raciais, no processo de afirmação das identidades negras, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na visão de professores e estudantes negros e brancos, bem como analisar a dinâmica em que esses processos acontecem. A pesquisa é qualitativa e analisa as narrativas de vida desses sujeitos, em perspectiva etnossociológica, a partir de dados de uma pesquisa de mestrado em Educação. As perguntas norteadoras da pesquisa são: existe apoio institucional para esses eventos? Como se dá essa relação? Os resultados apontam que as reflexões e as discussões proporcionadas por esses eventos acontecem, principalmente, depois de uma entrada maior de negros(as) na universidade, principalmente pela iniciativa dos próprios coletivos negros. A partir dos dados, percebe-se que os eventos desses coletivos favorecem as afirmações das identidades negras e oportunizam uma educação antirracista, entretanto, muitas vezes, sob pressões e conflitos.