Este artigo tem como objetivo discutir três eixos comuns que compõem o repertório de ação do movimento de moradia da cidade de São Paulo: as ocupações de imóveis ociosos, a participação institucional (especialmente no Conselho Municipal de Habitação) e o direito a morar no centro da cidade. Buscamos recuperar um pouco da história dessas práticas e rotinas, e apresentamos a heterogeneidade dos argumentos, que as sustentam e as questionam. Apresentamos o movimento que se sustenta heterogêneo e plural, cujos militantes têm no horizonte a luta por moradia digna. O artigo tem como base um survey aplicado no 11º Encontro Estadual de Moradia Popular, organizado pela União dos Movimentos de Moradia (UMM), ocorrido em São Paulo, no ano de 2009.
This article aims to discuss three common lines that make up the action repertoire of the housing movement of the city of São Paulo: squattings, participation in institucional spheres, (specially the Municipal Housing Council) and the right to the city. We intended to recover part of the history of these practices and routines, and here we present the heterogeneity of the arguments that support and question them. Therefore, we present the housing movement as heterogeneous and plural, whose militants struggle for dignified housing. The article is based on a survey, applied in the 11th State Meeting of Popular Housing, organized by the Union of the Housing Movement, which happenned in São Paulo, in 2009
Resumo: Nosso texto se debruça sobre os escritos etnológicos de Archie Mafeje. Este autor sul--africano que viveu boa parte de sua carreira acadêmica no exílio, formulou críticas contundentes às ciências sociais em geral e à antropologia em particular. Para ele, formações sociais que desafiam nossas abordagens taxonômicas e dualistas, continuam sendo encarceradas em escaninhos estreitos e claustrofóbicos, em abordagens voltadas para a classificação e a interpretação do Outro. Esta ideia de alteridade baseia-se em uma leitura teórica que segrega o sujeito do objeto de escrutínio, da análise social. Em trabalhos que apontam os equívocos de estudos antropológicos, históricos e de sociologia urbana no continente africano, Mafeje demonstra como as apostas epistemológicas das ciências sociais legitimaram ideias e ideais de sociedades imóveis, circunscritas a limites territoriais demarcados no período colonial. Em suma, temos confinados o Outro, ao mesmo tempo em que temos nos satisfeito com modelos analíticos que perversamente permitiram o avanço da expropriação de terras e seus efeitos: xenofobia, êxodo, intolerância e racismo. A saída para Mafeje estaria no estabelecimento de uma interlocução autêntica, fundada não numa divisão entre o Eu e o Outro, mas no que ele chama de ontologia combativa. Segundo o autor, ao fazer etnografia, estaríamos recompondo o mundo para além dos dualismos e das cisões. Com tal proposta, Mafeje defende um projeto pós-antropológico de produção de conhecimento.Palavras-chave: Archie Mafeje, alteridade, ontologia combativa, interlocução autêntica, etnografia.
O artigo busca argumentar como a branquidade do Estado operou e opera na ocupação da cidade de São Paulo, a partir de experiências etnográficas com movimentos de luta por moradia. Por branquidade do Estado entendo os vínculos entre os diferentes tipos de racismo presentes em algumas práticas e concepções estatais, especialmente no que diz respeito à política urbana e à repressão policial. A branquidade do Estado, enquanto modo de funcionamento, vincula-se à heteroclassificação racial realizada pelo próprio Estado, atrelada à propagação do não reconhecimento das relações sociais como racializadas. Não obstante, a branquidade do Estado é constantemente desafiada e confrontada por pessoas e grupos não brancos e seus modos de ocupar as cidades, como o footing, as ocupações de prédios e os rolezinhos.
The struggle for the right to dignified housing in São Paulo, Brazil, waged by low-income black families organized in housing movements, is a political struggle that intertwines three dimensions: resisting, claiming and prefiguring the future. This article discusses ‘Occupation Mauá’, an occupied building in the city centre of São Paulo. More than 200 families that live in this occupation, for more than 10 years now, resist against gentrification processes, claim public policy from the state and imagine a new life for themselves—in that building, with those families, in that region of the city. These families have already obtained a major political achievement in resisting, claiming and imagining their future by connecting the struggle for a dignified present to the one for a dignified future. This achievement sees in the state an agent of both death and life. The state performs death when it evicts homeless families; yet, it is also the object of struggles as an agent of public policy. The struggle of urban housing movements in Brazil is thus a life-and-death struggle.
Baseado em pesquisa etnográfica, este artigo traça a equivocação controlada de trabalhador a partir da crítica da branquidade da economia política da urbanização e nos estudos urbanos paulistas. Além disso, apresenta algumas contribuições para uma produção acadêmica antibranquidade, a partir do reconhecimento das ocupações de prédio e de terra, da circulação de corpos negros na cidade e da prática da imaginação e produção de vida como práxis negra e recusa ao confinamento da brancopia.
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