RESUMOA disseminação de desinformação sobre ciência nas mídias sociais tem sido uma das grandes preocupações mundiais, sobretudo em um momento em que se vive uma crise na qual todas as instituições produtoras de conhecimento e verdade, entre elas a ciência, estão deslegitimadas ou desacreditadas por parte da sociedade. Diante disso, a proposta desta pesquisa é mapear a circulação de informação sobre teorias da conspiração mais frequentes no Brasil, buscando identificar os atores, os discursos e as interações em diferentes plataformas digitais. Utilizando metodologia mista para identificação dos fluxos informacionais entre adeptos de teorias da conspiração no Facebook, Whatsapp e YouTube, os resultados apontam que, ainda que se tenha desconfiança sobre a relação entre ciência, governo e indústria, a autoridade científica é um capital simbólico de extrema importância para a circulação da informação de teorias da conspiração relacionadas à ciência.Palavras-chave: Teorias da conspiração. Ciência. Plataformas de mídias sociais.
Since the 2000s, calls for de-Westernizing the international communication research have been common, but their practical result has been very modest, as the share of non-western countries remained minimal. This article explores the hypothesis that structural factors hamper the diversity in international media research, based on the analysis of the membership of journals listed in Clarivate's Journal of Citation Reports. The data demonstrate a strong unbalance in favor of the US -- and a particular group of US universities in special -- to the detriment of the non-Western countries. The article discusses these findings in reference to the emergence of academic capitalism and the global rankings logic, which is based on ``universal'' defined from a US (and secondarily Anglophonic) viewpoint. The JCR system plays an important role in this schema, as it artificially introduces scarcity in the international publishing system and, therefore, concentrates symbolic power in the hands of a few.
A partir de uma abordagem multimetódos baseada em pesquisa qualitativa de observação não-participante, análise de conteúdo e técnicas de snowballing de recomendação algorítmica, a proposta deste artigo é mapear a circulação de três disputas de informação científia ligadas à saúde em páginas e grupos brasileiros no Facebook – movimento antivacina, fosfoetanolamina e Mineral Miracle Solution (MMS). Os resultados apontam para um campo de disputa no qual a autoridade científia é um valor relevante, sendo recorrentemente acionada como signo de convencimento junto ao público. Ainda, as fake sciences são um campo de disputa que envolvem 1) interesses comerciais em torno da crença em soluções rápidas e alternativas, 2) implicações jurídicas em torno do discurso pelo direito à informação e acesso a esses tratamentos alternativos, 3) sistema de reputação na busca por interseção na formulação de políticas e a alocação de recursos públicos e 4) uma descrença nas instituições epistêmicas, fazendo os sujeitos acreditarem apenas em experiências individuais baseadas no discurso de testemunho.
A desinformação relacionada à ciência tem sido uma das grandes preocupações atuais e os desafios para enfrentá-la tem se intensificado neste momento em que o mundo atravessa uma pandemia. A proposta deste artigo é problematizar e refletir sobre as formas como a agenda da desinformação tem sido construída, buscando discutir as ameaças ao sistema democrático. Através de revisão de literatura e análise da conjuntura política brasileira, este artigo se desdobra a partir dos seguintes eixos: 1) fatores culturais, políticos e ideológicos que tornam a desinformação um campo fértil para a dúvida e a descrença; 2) as medidas de enfrentamento à desinformação e suas limitações. 3) o processo de descrença institucional propiciada em um cenário político de contestação epistêmica e o papel da mídia nesta atuação; 4) uma agenda de guerra híbrida instaurada no campo político e jurídico, que ameaça o sistema democrático atual em nome de um inimigo indefinido: a desinformação; Por fim, este artigo busca oferecer um panorama amplo sobre os desafios e dificuldades para o campo da comunicação e informação no enfrentamento à desinformação relacionada à ciência em um contexto atual de disputas informacionais, políticas, jurídicas e tecnológicas
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