A hipertermia maligna (HM) é uma doença farmacogenética rara, de caráter autossômico dominante, de baixa incidência, porém potencialmente fatal, desencadeada por exposição a agentes anestésicos inalatórios halogenados e/ou succinilcolina. Caracteriza-se por um quadro de hipermetabolismo do músculo estriado esquelético, por hipercalcemia intracelular, com destruição completa deste, associado ao aumento do consumo de oxigênio, hipertermia, alterações cardiovasculares, rigidez muscular, acidose metabólica, falência renal e morte, caso não seja realizado o tratamento específico com o dantrolene. O reconhecimento da crise é baseado nos sinais clínicos que autorizam o início do tratamento e o diagnóstico definitivo é realizado a partir do teste de contratura halotano/cafeína realizado no paciente e em seus familiares com o intuito de descobrir os suscetíveis e protegê-los de possíveis crises.
A segurança do ato anestésico ganha cada vez mais importância na Medicina atual e, nesse ínterim, a consulta pré-anestésica tem se revelado como premissa no que se refere à prevenção de complicações anestésico-cirúrgicas. Assim, este artigo objetiva discorrer sobre algumas das situações especiais com as quais o anestesiologista eventualmente se depara, além de discutir a importância da consulta pré-anestésica na detecção precoce dessas situações, para que sejam tomadas condutas acertadas que tornem o ato anestésico mais seguro e efetivo. Entre essas situações especiais, o artigo discute comorbidades de baixa prevalência, mas de difícil manejo como a hipertermia maligna e doenças neuromusculares relacionadas, obesidade mórbida e suas implicações anestésicas, além de condutas em pacientes portadores de dispositivos cardíacos implantáveis. A importância dessa discussão abrange o fato de que condutas inadequadas podem gerar desfechos insatisfatórios para o paciente no perioperatório e, nesse cenário, a consulta pré-anestésica aliada à abordagem médica multidisciplinar e seguimento de protocolos institucionais torna-se cada vez mais essencial na preparação adequada do paciente para o ato anestésico-cirúrgico.
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