O presente texto sumariza um projeto intitulado “Educomunicação, ciência e outros saberes: um estudo do trabalho colaborativo em narrativas transmídias”, coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Nos anos de 2015 e 2016, o projeto atuou em nove escolas públicas [piloto] de Mato Grosso – urbanas e rurais –, trabalhando a construção coletiva do conhecimento em três grandes áreas intrinsecamente relacionadas: história, criatividade e Educação Ambiental. Tendo como motor a narrativa transmídia, professoras(es) e estudantes construíram e compartilharam os conhecimentos produzidos, arquitetando comunidades de aprendizagens. As intervenções nas escolas coadunam com os métodos participativos de Paulo Freire, e as interpretações dos resultados caminharam num horizonte fenomenológico de Merleau-Ponty.
No contexto da pandemia da Covid-19, com o impedimento das aulas presencias e o imperativo das relações via internet, que este artigo apresenta parte dos resultados da pesquisa “Educomunicação socioambiental – narrativas da periferia”, realizada no período de 2020 a 2021, na escola pública estadual de Mato Grosso, na capital Cuiabá. O objetivo foi apresentar o paradigma educomunicação para a Escola Estadual Manoel Cavalcanti Proença, para incentivar e valorizar as produções comunicativas de crianças e adolescentes. As propostas possibilitaram a partilha de conhecimentos e a conexão de saberes entre os que puderam fazer parte do processo. Entre os desafios apontados está a exclusão digital da maioria dos matriculados que estão à margem das aulas no formato virtual. A metodologia foi o estudo de caso, por se tratar de um fenômeno novo na referida unidade de ensino. Ao propor iniciativas que unem a educação com a comunicação, a pesquisa somou resultados exitosos com a participação crítica e reflexiva de estudantes sobre a realidade desafiadora, com os murais educomunicativos, e as mudanças ambientais com a oficina de foto e vídeo, que se estendeu para a exposição do varal de fotos na escola. Apesar das dificuldades com o acesso limitado ao sinal de internet e o impedimento das interações presencias, a pesquisa pôde mostrar que é possível realizar conexões entre as pessoas, com ações educomunicativas em uma escola da periferia de Cuiabá-MT.
Este artigo é fruto das nossas incursões no quilombo Mata Cavalo, zona rural de Nossa Senhora do Livramento-MT, em um dos sete processos formativos que integram a nossa pesquisa de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso. O Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (Gpea) lançou mão da fenomenologia de Gaston Bachelard para definir conceitualmente o imaginário do autor a respeito do fogo. Em conjunto, as dinâmicas em grupo, envolvendo estudantes, professoras(es) e moradoras(es) do quilombo, concretizaram-se por meio de recursos comunicacionais e artísticos, a partir dos quais identificamos os elementos do imaginário quilombola sobre o fogo.
O presente trabalho faz parte de uma pesquisa realizada na Escola Estadual Manoel Cavalcanti Proença, localizada na periferia de Cuiabá, capital de Mato Grosso, com estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, em 2020. Sob a óptica da evasão escolar em tempos desafiadores, o artigo apresenta o paradigma educomunicação como caminho para envolver os estudantes através de uma iniciativa intitulada Mural “Árvore da Esperança”, na qual produções de desenhos, textos e poesias foram motivadas a elaboração em resposta à pergunta: “O que você espera do pós-pandemia”. A pesquisa também expõe ações que a escola pública elencou para atender os estudantes no período do isolamento social, com a suspensão das aulas presenciais. Neste contexto da pandemia da Covid-19, realizou-se a ação que une duas grandes áreas do conhecimento, com reflexões baseadas em autores da educação e da comunicação. Apesar da evasão escolar ser realidade das escolas de todo país, o momento pandêmico potencializou a infrequência de crianças e adolescentes na rotina escolar, cujas aulas ocorrem de forma remota, por aplicativos de conversação pela internet, ou por apostilas, em todas as escolas da rede estadual de ensino de Mato Grosso. A ação educomunicativa se apresentou como uma alternativa para mobilizar os estudantes a continuarem motivados a fazer parte das aulas e criar ecossistemas comunicativos com partilhas de saberes e experiências.
Este artigo tem o objetivo de apresentar e discutir parte dos resultados obtidos com a pesquisa intitulada “Fenomenologia transmidiática: cartografando o clima em Mata Cavalo”, integrante da Rede Internacional de Justiça Climática e Educação Ambiental (Reaja), que conta com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat). A metodologia utilizada é de inspiração fenomenológica e participante, com a realização de cartografias e entrevistas como práxis da investigação. Identificamos que o quilombo é local de conflitos fundiários historicamente constituídos e que a localidade sofre os efeitos mais rigorosos da emergência climática, por se tratar de uma população em situação de vulnerabilidade. Ponderamos, portanto, que a educomunicação socioambiental pode se configurar em um arranjo comunicacional nas fronteiras da educação popular de concepção freireana capaz de expor as mazelas de que são vítimas os quilombolas e o orgulho do território onde vivem e estudam.
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