Com mais de meio milhão de óbitos por conta do vírus Sars-Cov-2, no Brasil, entre março de 2020 e junho de 2021, o Governo Federal tem sido responsabilizado pela sociedade e por outros estratos do poder pela má condução no gerenciamento à pandemia de Covid-19. Isso levou o Senado Federal a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, em 2021, para investigar as ações e omissões do governo nesse período pandêmico. É sob esse universo que objetivamos, neste trabalho, explanar como o efeito dunning-kruger (DUNNING, 2011) e a dissonância cognitiva (FESTINGER, 1968) se manifestam na CPI, institucionalizando a desinformação (WARDLE; DERAKHSHAN, 2017) no país. Para esse objetivo, selecionamos trechos dos depoimentos de três personagens de destaque no governo convocados para depor no processo, a oncologista Nise Yamaguchi, a pediatra Mayra Pinheiro e o general Eduardo Pazuello, e mostramos como esses conceitos se materializam em seus discursos. Os resultados preliminares apontam que o quadro da desinformação é legitimado em nível institucional, sobretudo pelas crenças e valores que podem ser demonstrados pelo efeito dunning-kruger e pela dissonância cognitiva agindo sobre personagens com poder de decisão no Governo Federal.
Os memes presentes em nosso cotidiano são vistos como elementos de diversão e entretenimento, mas podem ser utilizados também como ferramenta de aprendizagem. Eles circulam em espaços digitais como Facebook, gerando interação e comunicação, sobretudo a partir do humor, nos comentários compartilhados em redes sociais. O desafio da prática pedagógica é associar o humor dos memes ao ensino de forma geral e, neste trabalho em específico, ao ensino de língua portuguesa. Este artigo tem por objetivo investigar como os memes podem ser utilizados nas aulas de língua portuguesa, para promover o letramento crítico dos alunos na escola pública. Apoiamos-nos nas discussões de GNL (1996) e Rojo (2012, 2013) sobre letramentos, bem como nos estudos sobre letramento crítico a partir da Análise de Discurso Crítica (ADC) de Fairclough (2001; 2003). Para atingir nosso objetivo, selecionamos um corpus, composto por dois memes de domínio público, cujo critério seja o de apresentar críticas sociais a partir do humor. Em seguida, analisamos o objeto de estudo à luz das categorias: a) Intertextualidade, b) Interdiscursividade, c) Avaliação, associadas ao letramento crítico e baseadas nos significados do discurso: acional, representacional e identificacional da ADC. Como resultado, espera-se que, além do humor utilizado para gerar interação, os alunos percebam a crítica social contra a perda de direitos adquiridos, racismo, ironia e explanem isso nos diversos eventos comunicativos dentro e fora da escola.
A intergenericidade como recurso humorísticoThe mixed genres as a humorous resource RESUMO -Nosso objetivo neste artigo é discutir os efeitos humorísticos causados pelo fenômeno designado como intergenericidade (Marcuschi, 2002). Analisando quatro exemplares de textos que nele se inserem, observamos que a imitação de gêneros mais institucionalizados por meio de marcas formais é um recurso produtivo para efeitos estilísticos relacionados ao humor, tanto pela quebra de expectativas do leitor no que se refere à forma de um gênero com função de outro, quanto no que tange ao uso análogo de funções mais formais com fi ns burlescos.Palavras-chave: intergenericidade, estilo, humor.ABSTRACT -Our aim in this paper is to discuss the humorous effects caused by the phenomenon known as mixed genres (Marcuschi, 2002). Analyzing four examples of texts, we found that the imitation of genres that are more institutionalized through formal marks is a productive resource for stylistic effects related to humor by breaking the reader's expectations with regard to the form of a gender with another function and regarding the similar use of more formal functions with burlesque purposes.Key words: mixed genres, style, humor. Considerações iniciaisA presença do outro pode evidenciar-se na linguagem de distintas formas e em diferentes níveis, desde manifestações explícitas até marcas indiretas de heterogeneidades enunciativas (Authier-Revuz, 1990). Dentre esses casos de heterogeneidade, focalizaremos, neste trabalho, o fenômeno da intertextualidade, tomando por base não somente os pressupostos de Genette (1982) e de Piègay-Gros (1996), como também as descrições sugeridas por Marcuschi (2002) e por Koch et al. (2007), no que diz respeito à intergenericidade. Refletimos acerca do fenômeno do humor desencadeado pela recorrência do uso da intergenericidade como estratégia de composição textual.Entendemos a intertextualidade intergenérica como a recorrência a traços superestruturais de gêneros mais institucionalizados utilizados com propósitos distintos do cânone. Observamos, a partir dos exemplares analisados, que essa mistura de elementos provenientes de dois ou mais gêneros distintos -em especial a relação forma/ função -acaba por conferir humor aos gêneros híbridos. Para tanto, analisamos questões pertinentes aos gêneros discursivos, tomando como pressuposto fundamental a ideia de Bakhtin (2000) de que os gêneros são como enunciados que apresentam, de forma simultânea, regularidade e instabilidade.Alguns exemplos de textos com constituição eminentemente híbrida são analisados a fim de embasar nosso posicionamento acerca da relação entre intergenericidade e humor, principalmente se seus aspectos formais imitarem o estilo da estrutura composicional de gêneros altamente padronizados. Intergenericidade como recurso humorístico em gêneros discursivosPode-se dizer que a percepção de que a humanidade se utiliza de gêneros discursivos para interagir remonta a uma época longínqua e intangível quando foram nomeadas pela primeira vez as práticas comuni...
Resumo: Este ensaio tem como objetivo rediscutir a intergenericidade, conceito que estuda as misturas de gêneros. Com base nas reflexões de Bakhtin (2006Bakhtin ( [1953
RESUMO Nos últimos anos, tem-se assumido academicamente o pressuposto de que os memes publicizados no Facebook e em outros sites de redes sociais (SRS) são gêneros textuais/ discursivos (cf. PASSOS, 2012; WIGGINS; BOWERS, 2014; SILVA, 2016; GUERRA, BOTTA, 2018), tese defendida à luz de diferentes critérios e de distintas teorias de gêneros. O objetivo deste trabalho é discutir o estatuto genérico dos memes em sites de redes sociais. Para atender ao objetivo, baseio-me em Bakhtin (2009; 2011) e em Miller (1984 [2009]) para a discussão do conceito de gênero; e em Dawkins (2010), Blackmore (2000), Knobel e Lankshear (2005; 2007) e Cavalcante e Oliveira (2019), que discutem sobre a natureza do meme. Metodologicamente, analiso sete enunciados reconhecidos socialmente como memes, que foram publicados no Facebook nos últimos cinco anos. Os critérios para tal foram a viralização e os traços de remixabilidade em sua constituição. Os resultados sugerem que, sob o rótulo de meme, na verdade, estão gêneros diversos, como anúncios publicitários e institucionais, tiras cômicas e tiras cômicas seriadas, críticas, lembretes e mensagens motivacionais, o que leva a questionar o estatuto genérico do que se reconhece sociocognitivamente como meme.
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