Artigo IntroduçãoUm dos grandes exemplos de mulheres e de inteligência feminina, Hipátia de Alexandria, filha de Theon, um importante filósofo e matemático grego, se destacou na antiguidade clássica por seus estudos em astronomia, filosofia e matemática. A posição de mulher e sua defesa ao livre pensamento culminariam em sua morte brutal quando um grupo de cristãos enfurecidos a atacaria e a arrastaria para o interior de um templo onde seria cruelmente apedrejada e torturada até sua morte. Vítima de intolerância e preconceitos políticos e religiosos, Hipátia de Alexandria poderia ser representante de muitas das mulheres que, ainda nos dias de hoje, sofrem com atos de violência, preconceito e opressão.As mulheres brasileiras, após décadas de lutas por direitos iguais, obtiveram importantes conquistas. Entretanto, muito das violências, opressões e preconceitos ainda permanecem. Nesse panorama, o presente trabalho tem como objetivo apresentar problematizações sobre a criminalização do aborto no Brasil no âmbito do gerenciamento de população de caráter biopolítico e do processo de medicalização da existência humana que lhe é inerente.A questão do aborto, como demonstrou a exploração do tema pela demagogia política em eleições presidenciais no Brasil, ainda é uma problemática marcada por mitos e preconceitos morais que impedem a problematização mais fundamentada e discussões mais sérias sobre a descriminalização desse direito feminino em nosso país.O plano de apresentação dessas questões consiste, primeiramente, na exploração da noção de medicalização do social e de patologização da existência em suas interfaces com classes, raças/cores, sexos, gêneros e gerações, processos que nos remetem a fenômenos complexos, polêmicos, multifacetados e que estão entrelaçados às estratégias políticas de gerenciamento da vida humana e suas intenções de normatização regulatória dos corpos e de seus prazeres. Em um segundo momento, este trabalho aborda a permanência desse processo de gerenciamento dos corpos das mulheres a partir da noção de controle biopolítico, concepção orientada conforme Michel Foucault como desenvolvimento de uma sociedade caracterizada como disciplinar. Em um terceiro momento, este estudo examina a questão das sexualidades e de sua relação com o processo de medicalização da vida e das estratégias de controle biopolítico sobre os corpos das mulheres. Em um quarto momento, o artigo explora algumas problemáticas referentes à criminalização do aborto no Brasil e suas amarras médicas, psicológicas, jurídicas, morais. E, finalmente, analisa a questão da medicalização dos corpos das mulheres e examina as concepções sobre o "caráter matável" (AGAMBEN, 2002) daquelas mulheres pobres que optam pela prática do aborto e que estão inseridas em contextos desfavoráveis que se intensificam mais ainda se elas forem negras, solteiras e dissidentes do sistema sexo/ gênero/desejo/práticas sexuais (BUTLER, 2003). Medicalização do social e gerenciamento da vida humanaO processo de medicalização do social é um movimento complexo que ...
A presente discussão tem por objetivo problematizar a homofobia enquanto uma das linhas que dão manutenção aos domínios da masculinidade hegemônica em relação às outras sexualidades e expressões de gêneros (masculinidades e feminilidades). O termo "homofobia" apareceu primeiramente nos Estados Unidos, em 1971, e pode ser atribuído ao ato de hostilidade para com o homossexual, além de uma manifestação arbitrária que coloca x outrx como opostx, anormal ou inferior, evidenciando assim seu caráter sexista. A prática homofóbica é construída durante o processo de socialização de muitos homens, que ainda na infância têm como premissas básicas a imediata diferenciação com relação às mulheres e o ódio contra os homossexuais. Por isso, a pluralização de masculinidades que rompam com a lógica hierárquica binária e universalizante entre as sexualidades torna-se um importante dispositivo de combate à homofobia. Os estudos queer, nesse sentido, podem se tornar contribuição importante nesse combate, por meio da desconstrução dos regimes e normas que ainda restringem as discussões referentes às sexualidades, promovendo a ideia de "identidades múltiplas", abrindo assim alternativas para que as pessoas expressem as infinitas possibilidades de pluralização da vida humana.
RESUMO.O presente artigo discute algumas questões relativas à produção da subjetividade a partir do referencial esquizoanalítico de Deleuze e Guattari. Optamos por discorrer sobre o assunto procurando não nos prendermos, na medida do possível, em conceitos e jargões técnicos. Iniciamos com uma parte mais teórica, na qual colocamos em tela algumas das idéias centrais da Esquizoanálise e sua perspectiva de formação da subjetividade, que entendemos como sendo a argamassa de constituição do mundo, abrindo caminho para uma parte mais prática, na qual analisamos o conto "O Espelho", de Machado de Assis, de acordo com a ética estética de valorização da vida que entendemos ser a Esquizoanálise.
Resumo: O contemporâneo aponta crises de paradigmas que solicitam mudanças conceituais nas composições familiares, em suas relações e estratégias de poder. Estas mudanças atingem principalmente as mulheres, porém, ainda ocorrem diversos modos de violências contra elas, como as de gênero. Estas análises se mostram presentes na experiência de estágio curricular em Psicologia Clínica, realizada em uma vila periférica por graduando(a)s de Psicologia. Este cenário aponta para regulações e controles sobre os corpos, sexos, sexualidade, gênero e práticas relacionais dentro da própria família, na qual ainda se mantêm estilos de vida restritos a padrões heteronormativos que excluem outros arranjos possíveis de composições familiares e relacionais. Desta forma, queremos problematizar as diversas experiências que despotencializam as mulheres, e também propor uma Psicologia Política de promoção dos direitos sexuais e humanos que contemplem uma vida em que as pessoas possam ter seus desejos e singularidades respeitadas, para que alcancem emancipação psicossocial e tenham acesso à cidadania. Palavras-chave: Gênero, Família, Psicologia Clínica, Psicologia Social. Family, Gender and Psychosocial EmancipationAbstract: Modern times point out paradigm crisis that require conceptual changes in the compositions family, their relationships and power strategies. These modifications affect women in particular, however, there are other several kinds of violence versus women, among them, the ones related to gender. These analysis were studied during the Clinic Psychology curricular apprenticeship, which took place in a suburb, by Psychology undergraduates. This panorama points out to regulations and control over ones' bodies, sexes, genders, sexualities and other related practices inside their own family, in which heteronormative standards are still kept and other possible types of family formations and relations are excluded. This way we want to problematize the different thoughts that disempower women, and, moreover, the conception of a Political Psychology to promote sexual and human rights, enabling people to find out their own desires and singularities and leading them to social emancipation.
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