Os critérios analíticos da Linguística Textual são motivados por uma tentativa de explicação para as escolhas textuais por meio das quais o sujeito age sobre o seu dizer, reelaborando-o a todo instante, negociando-o com os prováveis interlocutores (em seus papéis sociais), para buscar atender a seus propósitos (CAVALCANTE et alii, 2020). É justamente a suposição dessa agentividade, dessa actorialização, que faz a LT eleger como critérios de análise os diversos recursos de que pode se valer o locutor para tentar persuadir a quem ele projeta como interlocutor e, muitas vezes, como terceiro. Analisamos as marcas da negociação dos conflitos entre pontos de vista antagônicos que acontecem nas modalidades argumentativas polêmicas, admitindo amplamente que, nas interações humanas, os interlocutores mobilizam recursos tecnolinguageiros, em ambientes digitais, nas diversas tentativas de reafirmar seu ponto de ponto de vista no dissenso e de influenciar o terceiro. Enfatizamos, neste trabalho, dois traços da modalidade argumentativa da polêmica que merecem ser aprofundados ainda. O primeiro é o fato de a noção de polêmica de Amossy (2017) se descrever não como uma oposição discursiva pela qual todo discurso se identifica, mas como um dos tipos de modalidade argumentativa, o que exige que a polêmica aconteça numa interação concreta, em que os participantes encenam o papel social de Proponente, de Oponente e de Terceiro. O segundo é o fato de a intertextualidade não ser um recurso opcional nessa modalidade, mas uma condição para que o embate se efetive no espaço público.