A Educação dos Surdos no Século XIX

Abstract

Este trabalho discorre sobre a educação dos surdos no Brasil, durante o período de 1868 a 1896, e tem a compreensão de que os surdos enfrentam outro silêncio, aquele que ainda persiste quanto à história de sua educação. Seu tema é a primeira instituição de educação de surdos do Brasil, que, no início, chamava-se Imperial Instituto dos Meninos Surdos e, hoje, Instituto Nacional de Educação dos Surdos, (INES). Porconseguinte, além de considerar fragmentos importantes para uma reflexão sobre historiografia da educação de surdos, é direcionado um foco de luz à atuação do médico Tobias Rabello Leite, como diretor da referida Instituição, no período estudado. Esse sergipano teve um papel primordial na organização, implantação e ampliação de um expressivo trabalho pedagógico desenvolvido naquele Instituto. Ademais, foi necessário correlacionar aspectos da cultura educacional do final da época imperial e do início da republicana. O levantamento da documentação foi realizado em fontes primárias e secundárias, atentando-se para alguns aspectos gerais dos métodos de ensino então utilizados.

“Comunidade de valores”: discursos reivindicatórios dos surdos por solidariedade

“…Um dos marcos para a educação dos surdos foi o Congresso de Milão (ROCHELLE, 1880;SOUZA, 2014). As principais deliberações definiram o método oral para a educação de quem não ouve, e tal deliberação configurou-se em um atraso absurdo na educação dos surdos.…”

“…Vemos, através desse fato, a imposição social da cultura ouvinte, dominante, sobre a comunidade surda, minoria linguística. Citamos, também, a visão "médica" com a qual os surdos conviveram por anos e, infelizmente, ainda hoje, deixando de lado suas diferenças 3 , seus aspectos linguísticos e culturais (SACKS, 2010;SOUZA, 2014).…”

“Luta por reconhecimento”: análise crítica dos discursos do Povo Surdo sobre a temática do ENEM 2017

“…Além dessas atrocidades, um fato que muito marcou a história educacional dos surdos foi o Congresso de Milão, em 1880. Nele se instituiu a proibição do uso das línguas de sinais, estabelecendo o oralismo como filosofia educacional (KINSEY, 1880;ROCHELLE, 1880;GESSER, 2009;SOUZA, 2014). Tal fato se configurou como uma perda enorme em avanços nos estudos das línguas de sinais, a língua natural dos surdos, e sobretudo na educação deles.…”

A educação de surdos no Brasil no século XIX e o legado de países europeus

“…No campo historiográfico, também encontramos produções brasileiras, tais como: Sofiato (2018); Rocha (2007); Souza (2008); Silva e Castanha (2015) e Fonseca (200-? ), entre outros, que destacam aspectos relacionados ao funcionamento do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos em termos de gestão e desenvolvimento de uma proposta pedagógica.…”