Eu vim de casa já me perguntando essas coisas, entendeu? O que é isso aí que vocês estão querendo? É simplesmente um trabalho que vai ficar? É uma continuação que vocês... Qual vai ser o respaldo de vocês com essas informações, porque eu não posso estar aqui mentindo. Vocês já estão aqui junto comigo, já foram vivenciar o que eu estou vivenciando, porque eu não estou indo lá como turista. Sei lá, entendeu? Não é o conteúdo da informação... Tem coisa que é fundamento dentro do xirê, que eu passei e não posso falar. Sua natureza é seu silêncio, seu resguardo, é um silêncio perturbador, esse é o mistério da coisa, tem coisa que você não vai poder revelar, você tomou um banho de folha, você fez a sua limpeza, tem coisas que você não vai poder revelar. Ela tomou banho de folhas, tem coisas que você não vai poder revelar pra ela. É a interpretação de cada um, porque isso aí é o seu negredo, e como é que vai escrever isso aí? Como é que vai escrever isso aí em palavras? É a mesma coisa? Tudo bem ela fez, eu fiz, mas como vai por isso em palavras, vai revelar isso? A gente trabalha com oralidade, tá em movimento, não tem como escrever. Tudo é uma releitura, vai vir outras coisas, novos elementos... E aí você não pode mentir. Mas é o que tá acontecendo, e isso vai ser o que? Você já foi lá, tá vivenciando isso, tá pesquisando isso... O relacionamento já é familiar, não é mais o relacionamento de uma pessoa dentro da universidade que foi lá e pá pá pá. Já tem uma coisa mais aprofundada do que "ah eu fui lá, vivi com o pessoal", não! Onde você foi, o que você tá vendo, o que tá vivenciando. Tanto aqui como dentro do Recôncavo... E ainda é pouco tempo... Porque o conhecimento tá atrás, e essa coisa tá viva, esse espírito tá vivo. Isso vai chegar aonde? Vai passar isso pra frente ou depois que se formar vai se picar e vai trabalhar em algum lugar e que se dane isso aí? Quer dizer, de vez em quando, quando eu estiver de férias vou lá, é isso? Já dormiu na casa da pessoa, já foi lá... Vocês não são mais observadoras, já estão vivenciando mil coisas, já são orador... Sei lá. Onde vai chegar com isso? Isso vai ser só um trabalho? Vocês vivenciaram isso... Vão ter que olhar pra isso de novo. A pergunta agora é pra você, não é minha não... Eu não sei de nada não... 11 Iê! Peço licença para iniciar esse jogo! Sem dar contragolpe! Longe de mim! Mestre Pinguim fala a mim e a Laura em uma das muitas conversas sobre nossos trabalhos da academia universidade. O grupo de capoeira angola, nomeado por Mestre Pinguim, quando lia numa biblioteca da universidade sobre o escravismo, como Guerreiros de Senzala, existe desde 1997. Atualmente está no Núcleo de Cultura e Extensão em Artes Afro-brasileiras na/da Universidade de São Paulo, sendo assim reconhecido pela Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária desde 2007. Deste espaço ocupado na universidade se vê um fluxo incessante de pessoas. Da murada ilha USP, que recebeu historicamente mais brancos, entre estrangeiros, nesses 11 anos que estive nela, percebe-se as mudanças, em 2017, antes ...