RESUMO -O carcinoma adenoescamoso primá-rio do estômago é um tumor raro, cuja incidência não excede 1% dos tumores gástricos. Esse tumor mostra dois tipos celulares distintos: um escamoso e outro adenocarcinomatoso. MATERIAL E MÉTODO. Os autores reportam um caso de carcinoma adenoescamoso primário do estômago em um paciente branco de 55 anos, cuja patologia e imuno-histoquímica mostram a presença dos dois tipos celulares: adenocarcinomatoso e escamoso.CONCLUSÃO. É discutido um caso de um tumor raro e interessante do estômago, com relação à sua patogênese, diagnóstico e aspectos clínico-patológicos.UNITERMOS: Carcinoma adenoescamoso. Estômago.
INTRODUÇÃOO carcinoma adenoescamoso do estômago é um tumor relativamente raro e bastante interessante por ser uma neoplasia com um tipo celular diferente daquele encontrado normalmente no estômago. Neste tipo de neoplasia estão presentes dois componentes celulares: um adenocarcinomatoso e outro escamoso ou epidermóide.Os carcinomas do trato gastrintestinal com diferenciação escamosa compreendem: carcinoma de células escamosas (ou epidermóide), adenoacantoma e carcinoma adenoescamoso. O carcinoma de células escamosas é constituído somente pelo componente epidermóide. O adenoacantoma é um adenocarcinoma com áreas de metaplasia escamosa benigna, enquanto o carcinoma adenoescamoso é um tumor misto glandular e epidermóide, em que ambos os componentes são clones neoplásicos.A incidência varia entre 0,04% e 0,7% de todos os tumores gástricos 1 , podendo atingir até 0,9% 2 . A relação entre homens e mulheres acometidos é de 4:1 e sua maior freqüência ocorre na sexta década de vida 1 . Foram encontrados 12 casos de carcinoma adenoescamoso do estômago em um levantamento realizado no Brasil, entre 1976 e 1980, pela Campanha Nacional de Combate ao Câncer, Ministério da Saúde, em 1982 3 . Não foi encontrado relato de caso de carcinoma adenoescamoso do estômago publicado em revista indexada da literatura nacional.
APRESENTAÇÃO DE UM CASOPaciente do sexo masculino, 55 anos, branco, brasileiro, apresentando, há um ano, queimação epigástrica, regurgitação, azia e digestão retardada. Há seis meses, mostrou cansaço físico, dor nas pernas e dispnéia. Nesse período, perdeu aproximadamente dez quilos. Não apresentou melena ou hematêmese. Pai falecido de carcinoma gástrico. Ao exame físico, apresentava-se descorado, sem linfadenopatias, visceromegalias ou massas abdominais palpáveis.Os exames laboratoriais mostravam: hemoglobina, 8,6g%; hematócrito, 30%; VHS, 40mm na primeira hora e 76mm na segunda hora.O exame endoscópico apresentou lesão ulcerada volumosa de fundo necrótico ao nível da grande curvatura, cuja biópsia forneceu o diagnóstico de adenocarcinoma pouco diferenciado (ulcerado) do estômago.A peça cirúrgica obtida mostrou carcinoma adenoescamoso com a parte adenocarcinomatosa moderadamente diferenciada ( figs.1 a 4). Notam-se áreas glandulares muito nítidas (figs. 2 e 4) contrastando com áreas epidermóides ( figs. 1 e 3). A neoplasia atingia todas as túnicas do estômago, incluindo a sero...