O artigo tem por objetivo compreender o posicionamento do BRICS no sistema de governança global. Especificamente, sua insatisfação com o sistema financeiro internacional. Para tal, é reconhecida a estrutura normativa e institucional, hierárquica e desigual da ordem internacional liberal em que novas potências e instituições, como o BRICS, reclamam maior representatividade. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e do Arranjo Contingente de Reservas (CRA), em 2014, demonstra sua busca por alternativas às instituições tradicionais. Os conceitos de Contestação e Contra-institucionalização, propostos por Michael Zürn, são utilizados como instrumental teórico-metodológico, juntamente com revisão bibliográfica, a fim de responder se o BRICS se apresenta como um contestador dessa ordem capaz de impor mudanças substanciais a ela. Como resultado, observa-se, apesar da exigência por reformas na governança global, uma carência de alinhamento de interesses entre seus membros que dificulta o avanço de pautas críticas e a instrumentalização de uma contraposição efetiva à ordem internacional liberal.