Resumo Neste trabalho, no âmbito da extensa literatura sobre mulheres e ciência, investigamos um território menos explorado no Brasil: o das representações de mulheres cientistas em programas televisivos de grande audiência. Lançando mão de uma triangulação metodológica de técnicas quantitativas e qualitativas, incluindo análise de conteúdo e análise visual, estudamos, por 12 meses, dois programas de grande audiência na TV: o Jornal Nacional e o Fantástico . Os resultados mostram, por um lado, uma presença importante de jovens cientistas mulheres, mas, por outro, uma construção discursiva que remete claramente a um universo científico majoritariamente masculino, com protagonistas predominantemente brancos e de meia idade. Vozes e presença das mulheres tendem a ser sub-representadas e pouco visíveis, além de aparecer com conotações simbólicas diferentes da dos homens, reproduzindo hierarquias e estereótipos. Evidenciamos também os efeitos que os diferentes contextos de produção e os registros estéticos dos dois programas têm sobre as representações de gênero.