Este trabalho objetivou verificar se há a passagem, como herança cultural, do saber sobre as plantas medicinais de geração para geração nas comunidades rurais, se os moradores das comunidades do semiárido nordestino já tinham algum conhecimento sobre as propriedades do jucá (C. ferrea), e se, baseando-se nesse conhecimento prévio e cultural, eles aceitariam usar essa planta como desinfetante natural. Para tal foi realizada entrevistas em 388 residências, onde cada residência era entrevistada somente uma pessoa, no período de outubro de 2017 a setembro de 2018, realizadas em oitos comunidades tradicionais do município de Mossoró-RN (Cordão de Sombra 1 e 2, Hipólito 1 e 2, Independência, Solidão, Cabelo de Nêgo e Três Marias). Como resultados obteve-se que 54,4% (197) tinham idade superior a 50 anos, 64,1% (230) eram do sexo feminino e que 77% (278) dos entrevistados residiam na comunidade tradicional há mais de 10 anos. Quanto ao conhecimento das atividades medicinais do jucá foi observado que 81,5% (295) alegavam ter um conhecimento sobre a atividade medicinal do jucá, 53,9% (195) afirmaram já ter utilizado o jucá em pessoas como medicina alternativa e 93,3% (362) aceitariam utilizar o desinfetante a base do jucá. Desta forma, evidencia-se que o uso do jucá como desinfetante seria bem aceito e utilizado, pela população, em consequência de que já vem sendo utilizado para outros fins terapêuticos pelos moradores das comunidades tradicionais do entorno de Mossoró/RN.