RESUMO -Este estudo objetivou compreender o processo de comunicação de más notícias no contexto da uma Unidade de Tratamento Intensivo para adultos, na perspectiva dos médicos. Configurou-se como uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas e observação registrada em diário de campo. Participaram 12 médicos de um hospital-escola do interior do Rio Grande do Sul. A análise foi realizada por meio da análise de conteúdo. Destacam-se dificuldades dos médicos em comunicar más notícias, bem como o uso de mecanismos de defesa para realizar essa tarefa. Considera-se necessário resgatar a importância da reflexão sobre a relação médico-familiar como prática diária tão importante para a medicina. A saúde passa por grandes desafios nas questões relativas à qualidade de vida. Por um lado há um real avanço científico-tecnológico e, por outro, se reconhece o importante papel de uma medicina humanizada. Nesse cenário, as tecnologias diferenciadas atraem a atenção e, por vezes, até lateralizam as ações relativas à humanização, criando uma interpretação errônea de que a solução para uma melhora da qualidade de vida está nos sofisticados aparelhos e nos diferenciados recursos terapêuticos (Lottenberg, 2010). Logo, o modelo médico prioriza os sinais e sintomas, tornando secundário o cuidado aos aspectos psíquicos e/ou emocionais dos envolvidos. Mas, para além da tecnologia, há de se considerar que toda relação estabelecida entre o médico e o paciente/ familiar é sustentada por encontros, conversas e afetos e atravessada por conflitos que abarcam os processos de subjetivação (Rodrigues, Moraes, Betoschi, & Amaral, 2015). Entre os fatores que contribuem para o prejuízo na relação do médico com o paciente/familiar encontram-se os problemas de comunicação enfrentados pelo profissional (Castro & Barreto, 2015).
PalavrasA comunicação faz parte do cotidiano dos profissionais de saúde e implica na interação entre eles, paciente e familiares (Borges, Freitas, & Gurgel, 2012). É uma ferramenta importante na relação médico paciente/familiar e deve ser aperfeiçoada para diminuir o impacto emocional e proporcionar melhor assimilação da nova realidade. Saber informações sobre diagnóstico e prognóstico permite que pacientes e família vivenciem o momento de forma menos dolorosa (Rodriguez, 2014). A comunicação de más notícias é aquela que causa sensações desagradáveis em um de seus agentes, principalmente aquelas associadas a diagnosticar e prognosticar enfermidades, sendo essa uma constante no cotidiano dos profissionais de saúde (Borges et al., 2012).Para que ocorra a comunicação entre médico e paciente/ familiar é primordial considerar a palavra interação, pois a comunicação envolve a transmissão de informação contínua de uma pessoa para a outra, sendo então compartilhada por ambas, de modo que o destinatário a receba e a compreenda. Se a informação foi apenas transmitida, porém, não recebida, não foi efetivamente comunicada, sendo necessário alinhar o transmi...