“Corpo de homem com (tre)jeitos de mulher?”: imagem da travesti por enfermeiras

Abstract

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais, com o objetivo de descrever a imagem da pessoa travesti revelada por enfermeira(o)s. Aplicou-se Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), composto pelo estímulo ‘Travesti’, para 110 enfermeira(o)s pós-graduanda(o)s de universidade pública do município de Salvador, Bahia, Brasil. Dessas, vinte responderam a entrevista semiestruturada. Os dados do TALP processados pelo software Ensemble de Programmes Permettant l’Analyse des Évocations (EVOC) subsidiaram a organização do corpus das entrevistas guiada pela análise de conteúdo. O grupo investigado revelou uma imagem sobre a travesti a partir de elementos das dimensões biológica e social, orientação sexual e identidade de gênero; e aponta para o surgimento de uma perspectiva progressista sobre o modo de ser e estar travesti.

“Experiences marked by prejudice(s)?”: nurses’ representations on ‘transvestite’ people

“…Thus, it is possible to notice that the representation of nurses refers to a context of their practices evidenced in the term "prejudice". This corroborates the fact that there is difficulty in accepting differences, and both health professionals and society still reinforce and potentiate attitudes that generate suffering, exclusion, barriers and social distancing (3)(4)18) . However, tensions were observed in the relationship between the terms present in the CN and the peripheral ones, such as "bravery", "right" and "respect", which reverberate as transvestite people, possibly, are welcomed in the various spaces of the health care network.…”

“…This population has occupied a marginalized position in contemporary western societies (2) , which demands a singular view, including nursing, to meet their care demands. However, a survey conducted with nurses revealed that, among the investigated group, there is an image of transvestites as men, of homosexual sexual orientation, who use props to live an identity based on/by the female (3) .…”

“…However, it should be noted that sexual orientation and gender identity should not be seen and/ or considered synonymous, since they occupy distinct dimensions in the lives of people (4,20) . The lack of distinction between these terms may constitute a mode of prejudice that implies situations of discrimination against transvestites, who, in some way, do not fit this inflection and do not allow themselves to be labeled (3)(4)20) .…”

“…Moreover, they highlight the depreciation of transvestite people's image, considering them "extravagant and exotic", external to the category of human. These elements seem to find resonance from media disclosures about the transvestite person as someone who is always in the category of 'not being' and 'not belonging (3) .…”

Espaços Institucionais De Saúde Como “Não Lugar” De Travestis Nas Representações Sociais De Enfermeiras

“…Nesse sentido, as travestis são consideradas transgressoras de uma "norma social" que ainda naturaliza e privilegia uma linha congruente entre genitália-gênero-desejos e práticas sexuais como modelo de humanidade e moralidade, o que é denominado de (cis)heteronormatividade, sendo alvo de preconceitos, estigmas discriminação e exclusão. Esses aspectos, sobremaneira, potencializam as vulnerabilidades para agravos sociais e de saúde que podem repercutir na qualidade de vida (6)(7) . Haja vista que, mesmo nos serviços especializados, considerados como os mais qualificados para o atendimento a esse segmento populacional, não é incomum a ocorrência de situações de discriminação vivenciadas por travestis quando acessam esses serviços (8)(9) .…”