ResumoO artigo explora o tema do financiamento do esforço de inovação das empresas por meio de parcerias com institutos de ciência e tecnologia, os quais, juntos, formam um importante indutor de políticas de fomento à inovação. No caso brasileiro, a combinação dos recursos de fomento federais e estaduais e a infraestrutura montada nas ICTs nas últimas décadas participam na consolidação desse esforço. O artigo traz reflexões sobre a interação universidade-empresa para a inovação a partir de uma survey realizada junto a ICTs e empresas participantes de um programa nacional de fomento entre 2002 e 2007, intitulado Coopera. Este artigo busca elucidar esses e outros aspectos da natureza da relação criada pelo Coopera. Embora se reconheçam os avanços alcançados, a análise sugere que o programa ainda não logrou estabelecer a qualidade e a periodicidade do relacionamento de que depende o esforço continuado de inovação no meio empresarial brasileiro.
Palavras-chaveInstituições de ciência e tecnologia. Política de ciência e tecnologia. Relação universidade-empresa.
IntroduçãoNas últimas duas décadas, observa-se no Brasil um aumento expressivo das discussões na academia (MONTOBBIO; STERZI, 2011; LA ROVERE; RODRIGUES, 2011) e no âmbito das políticas públicas (SCHWARTZMAN; BOTELHO; ALVES, 2009;CASSIOLATO;LASTRES, 2005) sobre os arranjos institucionais mais adequados para estimular a aproximação entre as universidades e centros de pesquisa (doravante ICTs) e o setor produtivo, forma de contribuir para a inclusão social, a geração de empregos qualificados e o aumento da competitividade das empresas. A interação de ICTs com o setor produtivo, em particular o privado, tem sido o tema gerador de maiores discussões, dado o reconhecido papel exercido por cada um no desenvolvimento econômico (ETZKOWITZ et al., 2000;CARLSSON et al., 2007;.A cooperação universidade-empresa assume estruturas organizacionais muito variadas -dependentes da maturidade da relação, dos objetivos da cooperação etc. -, mas toda essa variedade de meios resulta numa mesma finalidade: o desafio relevante intelectual para as universidades e a produção complementar de conhecimento para a empresa ao menor custo (GIULIANI et al., 2009).O presente trabalho tem por objetivo avaliar a eficácia de um programa estruturado de apoio à interação universidade-empresa, de âmbito nacional, cujo escopo era induzir a cooperação para a inovação, sobretudo nos casos em que esta era incipiente ou inexistente. Para tanto, foi realizada uma pesquisa do tipo survey junto a coordenadores de projetos submetidos e aprovados do programa Coopera, tanto do lado das ICTs quanto do das empresas.O trabalho divide-se em seis seções, incluindo esta introdução. A segunda seção revisa a literatura recente. A terceira apresenta o Coopera e seu contexto, em termos dos principais instrumentos do arcabouço de políticas de financiamento à ciência, à tecnologia e à inovação vigente no Brasil. A quarta dedica-se à apresentação do desenho da survey, incluindo a metodologia empregada e uma caracterização d...